Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 14: Capítulo 14

Página 431

Então Carlos, caminhando rente ao muro, interrogou Melanie. Como viera o outro? que dissera? como se despedira?... Melanie não ouvira nada. O Sr. Castro Gomes e a senhora tinham conversado sós no pavilhão japonês. à saída é que vira o Sr. Castro Gomes dizer adeus a madame, muito sossegado, muito amável, rindo, falando de Niniche... A senhora, essa, parecia como morta, tão pálida! Quando o outro partiu, ia tendo um desmaio.

Estavam próximo do portão da Toca. Carlos retrocedeu, respirando fortemente, com o chapéu na mão. E agora todo o seu orgulho se ia sumindo sob a violência da sua ansiedade. Queria saber! E perguntava, deixava Melanie nas coisas dolorosas da sua paixão... Dites toujours, Melanie, dites! Sabia a senhora que Castro Gomes estivera com ele no Ramalhete, lhe confessara tudo?...

Claramente que sabia, por isso chorava - dizia Melanie. Ah, ela bem repetira à senhora que era melhor contar a verdade! Era muito amiga dela, servia-a desde pequena, vira nascer a menina... E tinha-lho dito, até já nos Olivais!

Carlos curvava a cabeça na escuridão do muro. Melanie tinha-lho dito! Assim ela e a criada discutiam ambas, acamaradadas, o embuste em que andava presa a sua vida! E aquelas revelações de Melanie, que suspirava com o chale sobre o rosto, abatiam os últimos pedaços desse sonho, que ele erguera tão alto, entre nuvens de ouro. Nada restava. Tudo jazia em estilhaços, no lodo imundo.

Um momento, com o coração cheio de fadiga, pensou em voltar a Lisboa. Mas para além daquele negro muro estava ela, perdida de choro, querendo morrer... E lentamente recomeçou a caminhar para o portão.

E agora, sem resistência nenhuma do orgulho, fazia perguntas mais intimas a Melanie. Porque é que Maria Eduarda não lhe dissera a verdade?

Melanie encolheu os ombros. Não sabia: nem a senhora sabia! Estivera no Central como madame Gomes; alugara a casa da rua de S. Francisco como madame Gomes; recebera-o como madame Gomes... E assim se deixara ir, insensivelmente, conversando com ele, gostando dele, vindo para os Olivais...

<< Página Anterior

pág. 431 (Capítulo 14)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 431

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605