Depois remergulhava no torvelinho de Paris, de onde ressurgia uma manhã, num fiacre, estremunhada e aflita, com uma rica peliça sobre uma velha saia, a pedir-lhe cem francos... Por fim nascera Rosa. Toda a sua ansiedade desde então fora legitimar a sua união. Mas Mac-Gren adiava, levianamente, com um medo pueril da avó. Era um perfeito bebé! Entretinha as manhãs a caçar pássaros com visco! E ao mesmo tempo terrivelmente teimoso: ela pouco a pouco perdera-lhe todo o respeito. No começo da primavera a mamã um dia apareceu em Fontainebleau com as suas malas, sucumbida, enojada da vida. Rompera enfim com Trevernes. Mas quase imediatamente se consolou: e começou daí a adorar Mac-Gren com uma tão larga efusão de caricias, e achando-o tão lindo, que era às vezes embaraçadora. Os dois passavam o dia, com copinhos de cognac, jogando o besigue.
De repente rebentou a guerra com a Prússia. Mac-Gren entusiasmado, e apesar das súplicas delas, correra a alistar-se no batalhão de Zuavos de Charrete; a avó de resto aprovara este rasgo d'amor pela França, e fizera-lhe numa carta em verso, em que celebrava Joana d'Arc, uma larga remessa de dinheiro. Por esse tempo Rosa teve o garrotilho. Ela, sem lhe largar o leito, mal atendia às notícias da guerra. Sabia apenas confusamente das primeiras batalhas perdidas na fronteira. Uma manhã a mamã rompeu-lhe no quarto, estonteada, em camisa: o exército capitulara em Sédan, o imperador estava prisioneiro! «É o fim de tudo, é o fim de tudo!» dizia a mamã espavorida. Ela veio a Paris procurar notícias de Mac-Gren: na rua Royale teve de se refugiar num portão, diante do tumulto de um povo em delírio, aclamando, cantando a Marselhesa, em torno de uma caleche onde ia um homem, pálido como cera, com um cachené escarlate ao pescoço. E um sujeito ao lado, aterrado, disse-lhe que o povo fora buscar Rochefort à prisão e que estava, proclamada a Republica.
Nada soubera de Mac-Gren. Começaram então dias de infinito sobressalto. Felizmente Rosa convalescia.