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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 454
E para celebrar o advento desta ideia,

Deus queira que Maria nos tenha um bom jantar!

Agora, ao aproximar-se da Toca, Ega ia receando o primeiro encontro com Maria Eduarda. Incomodava-o esse enleio, esse rubor que ela não poderia ocultar - certa que, como confidente de Carlos, ele conhecia a sua vida, as suas misérias, as suas relações com Castro Gomes. Por isso hesitara em vir à Toca. Mas também, não aparecer mais a Maria Eduarda seria marcar com um relevo quase ofensivo o desejo caridoso de não molestar o seu pudor... Por isso decidira «dar o mergulho de uma vez». Quem, senão ele, deveria ser o mais apressado em estender a mão à noiva de Carlos?... Além disso tinha uma infinita curiosidade de ver no seu interior, à sua mesa, essa criatura tão bela, com a sua graça nobre de Deusa moderna! Mas saltou da vitória muito embaraçado.

Por fim tudo se passou com uma facilidade risonha. Maria bordava, sentada nos degraus do jardim. Teve um sobressalto, corou toda, com efeito, ao avistar o Ega que procurava atarantadamente o monóculo: o aperto de mão que trocaram foi mudo e tímido: mas Carlos, alegremente, desembrulhara o ananás - e na admiração dele todo o constrangimento se dissipou.

- Oh! é magnifico!

- Que cor, que luxo de tons!

- E que aroma! Veio perfumando toda a estrada.

Ega não voltara à Toca desde a noite fatal da soirée dos Cohens em que ele ali tanto bebera e delirara tanto. E lembrou logo a Carlos a jornada na velha traquitana, debaixo de um temporal, o grog do Craft, a ceia de peru...

- Já aqui sofri muito, minha senhora, vestido de Mefistófeles!...

- Por causa de Margarida?

- Por quem se há de sofrer neste apaixonado mundo, minha senhora, senão por Margarida ou por Fausto?

Mas Carlos quis que ele admirasse os esplendores novos da Toca. E foi já com familiaridade que Maria o levou pelas salas, lamentando que só viesse assim à Toca no fim do verão e no fim das flores. Ega extasiou-se ruidosamente. Enfim, perdera a Toca o seu ar regelado e triste de museu! Já ali se podia palrar livremente!

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 454

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605