Os Maias - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 459 / 630

Mas a cada exclamação de Carlos - «Lembras-te, Cruges?», «Não é verdade, Cruges?» - o maestro, rubro, grunhia apenas um sim avaro. Terminou por estar ali, ao lado de Maria, como um trambolho fúnebre. Estragou o jantar. Combinara-se para depois do café um passeio pelos arredores, num break. E Carlos já tomara as guias, Maria na almofada acabava de abotoar as luvas – quando Ega, que receava a friagem da tarde, saltou do break, correu a buscar o paletó. Nesse mesmo momento sentiram um trote de cavalo na estrada - e apareceu o marquês.

Foi uma surpresa para Carlos, que o não vira durante esse verão. O marquês parou logo, tirando profundamente, ao ver Maria, o seu largo chapéu desabado.

- Imaginava-o pela Golegã! exclamou Carlos. Foi até o Cruges que me disse... Quando chegou você?

Chegara na véspera. La fora ao Ramalhete; tudo deserto. Agora vinha aos Olivais ver um dos Vargas que tinha casado, se instalara ali perto, a passar o noivado...

- Quem, o gordo, o das corridas?

- Não, o magro, o das regatas.

Carlos, debruçado da almofada, examinava a eguazita do marquês, pequena, bem estampada, de um baio escuro e bonito.

- Isso é novo?

- Uma facazita do Darque... Quer-ma Você comprar? Sou já um pouco pesado para ela, e isto mete-se a um dog-cart...

- Dê lá uma volta.

O marquês deu a volta, bem posto na sela, avantajando a égua. Carlos achou-lhe «boas acções». Maria murmurou - «Muito bonita, uma cabeça fina...» Então Carlos apresentou o marquês de Sousela a madame Mac-Gren. Ele chegou a égua à roda, descoberto, para apertar a mão a Maria: e à espera do Ega que se eternizava lá dentro, ficaram falando do verão, de Santa Olávia, dos Olivais, da Toca... há que tempos o marquês ali não passava! A última vez fora vítima da excentricidade do Craft...





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