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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 477
O duelo devia ser à espada ou ao florete, um desses ferros cujo lampejo, na sala de armas do Ramalhete, fazia empalidecer o Dâmaso. Se contra toda a verosimilhança ele se batesse, Carlos fazia-lhe algures, entre a bochecha e o ventre, um furo que o cravasse meses na cama. Senão a única explicação que Carlos aceitaria do Sr. Salcede seria um documento em que ele escrevesse esta coisa simples: «Eu abaixo assinado declaro que sou um infame.» E para estes serviços Carlos contava com o Ega.

- Agradeço! Agradeço! Vamos a isso! exclamava o Ega esfregando as mãos, faiscando de júbilo.

No entanto, dizia ele, a etiqueta fúnebre reclamava outro padrinho; e lembrou o Cruges, moço passivo e maleável. Mas era impossível encontrar o maestro, porque invariavelmente a criada afirmava que o menino Victorino não estava em casa... Decidiram ir ao Grémio, mandar de lá um bilhete chamando o Cruges - «para um caso urgente de amizade e de arte».

- Com quê, dizia o Ega continuando a esfregar as mãos enquanto a tipoia trotava para a rua de S. Francisco, com quê, demolir o nosso Dâmaso?

- Sim, é necessário acabar com esta perseguição. Chega a ser ridículo... E com uma estocada, ou com a carta, temos esse biltre aniquilado por algum tempo. Eu preferia a estocada. Senão deixo-te a ti arranjar os termos de uma carta forte...

- Hás de ter uma boa carta! disse o Ega com um sorriso de ferocidade.

No Grémio, depois de redigirem o bilhete ao Cruges, vieram esperar por ele na sala das Ilustrações. O conde de Gouvarinho e Steinbroken conversavam de pé, no vão de uma janela. E foi uma surpresa. O ministro da Finlândia abriu os braços para o cher Maia, que ele não vira desde a partida de Afonso para Santa Olávia. Gouvarinho acolheu o Ega risonhamente, reatando uma certa camaradagem que entre eles se formara nesse verão, em Sintra: mas o aperto de mão a Carlos foi seco e curto. Já dias antes, tendo-se encontrado no Loreto, o Gouvarinho murmurara de leve e de passagem «um como está, Maia?» em que se sentia arrefecimento.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 477

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605