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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 496

- Vocês é que estão excelentes, acrescentou abraçando outra vez Carlos e sorrindo ao Ega. E que ingratidão foi essa tua, John, metido aqui todo um verão sem me ir visitar?... Que tens tu feito? Que têm vocês feito?

- Mil coisas! acudiu Ega alegremente. Planos, ideias, títulos... Temos sobretudo o projecto de uma Revista um aparelho de educação superior que vamos montar com uma força de mil cavalos!... Enfim logo se lhe conta tudo ao almoço.

E ao almoço, com efeito, para justificarem as suas ocupações em Lisboa, falaram da Revista como se ela já estivesse organizada e os artigos a imprimir na oficina - tanta foi a precisão com que lhe descreveram as tendências, a feição critica, as linhas de pensamento sobre que ela devia rolar... Ega já preparara um trabalho para o primeiro número - A capital dos portugueses. Carlos meditava uma série de ensaios à inglesa, sob este titulo - Porque falhou entre nós o sistema constitucional. E Afonso escutava, encantado com aquelas belas ambições de luta, querendo partilhar da grande obra como sócio capitalista... Mas Ega entendia que o Sr. Afonso da Maia devia descer à arena, lançar também a palavra do seu saber e da sua experiência. Então o velho riu. O quê! compor prosa, ele, que hesitava para traçar uma carta ao feitor? De resto o que teria a dizer ao seu país, como fruto da sua experiência, reduzia-se pobremente a três conselhos em três frases: aos políticos - «menos liberalismo e mais carácter»; aos homens de letras - «menos eloquência e mais ideia»; aos cidadãos em geral - «menos progresso e mais moral».

Isto entusiasmou o Ega! Justamente, aí estavam as verdadeiras feições da reforma espiritual que a Revista devia pregar! Era necessário tomá-las como moto simbólico, inscrevê-las em letras góticas no frontispício - porque Ega queria que a Revista fosse original logo na capa. E então a conversação desviou para o exterior da Revista - Carlos pretendendo que fosse azul-claro com tipo Renascença, Ega exigindo uma cópia exacta da Revista dos Dois Mundos, numa nuance mais cor de canário. E, levados pela sua imaginação de meridionais, já não era só para agradar a Afonso da Maia que iam levantando e dando forma àquele confuso plano.

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pág. 496 (Capítulo 15)

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 496

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605