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Capítulo 16: Capítulo 16

Página 541
Com certeza eram coisas muito sérias, que necessitavam toda a sorte de vêus... Ele compreendia, compreendia muito bem!... E realmente, dada a posição dos Maias em Lisboa, na sociedade, aquela senhora não era irmã que se apresentasse.

- Mas a culpa não a teve ela, meu caro senhor! Foi a mãe, foi aquela extraordinária mãe que o Diabo lhe deu!...

Desciam o Chiado. Ega parou um momento, devorando o velho com olhos de febre:

- O Sr. Guimarães conheceu muito essa senhora, a Monforte?

Intimamente! Já a conhecera em Lisboa - mas de longe, como mulher de Pedro da Maia. Depois viera essa tragédia, ela fugira com o italiano. Ele abalara também para Paris nesse ano, com uma Clemence, uma costureira da Levailant: e, umas coisas enfiando

noutras, negócios e desgraças, por lá ficara para sempre! Enfim, não era a sua vida que lhe ia contar... Só mais tarde encontrara a Monforte, uma noite, no baile Laborde: e daí datavam as suas relações. A esse tempo já o italiano morrera num duelo, e o velho Monforte espichara da bexiga. Ela estava então com um rapaz chamado Trevernes - numa casa bonita, no Parc Monceaux, em grande chic... Mulher extraordinária! E não se envergonhava de confessar que lhe devia obrigações! Quando essa rapariga, a Clemence, que era um encanto, adoecera do peito, a Monforte trazia-lhe flores, frutas, vinhos, fazia-lhe companhia, velava-a como um anjo...

Porque lá isso coração largo e generoso atá ali! Esta, a filha, a D. Maria, tinha então sete ou oito anos, linda como os amores... E houvera uma outra pequena do italiano, muito galantinha tarobem. Oh! muito galantinha também! Mas morrera em Londres, essa...

- E com esta Maria andei muitas vezes ao colo, meu caro senhor... Não sei se ela ainda se lembra de uma boneca que eu lhe dei, que falava, dizia Napoleão... Era no belo tempo do Imperio, até as desavergonhadas das bonecas eram imperialistas! Depois, quando ela estava em Tours, no convento, fui lá duas vezes com a mãe. Já então os meus princípios me não permitiam entrar nesses covis religiosos: mas enfim fui acompanhar a mãe...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 541

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605