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Capítulo 17: Capítulo 17

Página 569

- Pois quem, então? Querias que fosse o Vilaça?...

Ega franzia a testa:

- O que tu devias fazer era meter-te esta noite no comboio, e partir para Santa Olávia. De lá contavas-lhe tudo. Estavas assim mais seguro.

Carlos atirou-se para uma poltrona, com um grande suspiro de fadiga:

- Sim, talvez, amanhã, no comboio da noite... Já pensei nisso, era o melhor... Agora o que estou é muito cansado!

- Também eu, disse o Ega espreguiçando-se. E já não adiantamos nada, atolamo-nos mais na confusão. O melhor é serenar... Eu vou-me estirar um bocado na cama.

- Até logo!

Ega subiu ao quarto, deitou-se por cima da roupa; e no seu imenso cansaço bem depressa adormeceu. Acordou tarde a um rumor da porta. Era Carlos que entrava, raspando um fosforo. Anoitecera, em baixo tocava a campainha para o jantar.

- Demais a mais esta maçada do jantar! dizia Carlos acendendo as velas no toucador. Não termos um pretexto para irmos fora, a uma taverna, conversar em sossego! Ainda por cima convidei ontem o Steinbroken.

Depois voltando-se:

- Ó Ega, tu achas que o avô sabe tudo?

O outro saltara da cama, e diante do lavatório arregaçava as mangas:

- Eu te digo... Parece-me que teu avô desconfia... O caso fez-lhe a impressão de uma catástrofe... E, se não suspeitasse o que há, devia-lhe causar simplesmente a surpresa de quem descobre uma neta perdida.

Carlos teve um lento suspiro. Daí a um instante desciam para o jantar.

Em baixo encontraram, além de Steinbroken e D. Diogo - o Craft, que viera «pedir as sopas». E em torno àquela mesa, sempre alegre, coberta de flores e de luzes, uma melancolia flutuava nessa tarde através de uma conversa dormente sobre doenças, - o Sequeira que tinha reumatismo, o pobre marquês piorara.

De resto Afonso, no escritório, queixara-se de uma forte dor de cabeça, que justificava o seu ar consumido e pálido. Carlos, a quem Steinbroken achara «má cara», explicou também que passara uma noite abominável. Então Ega, para desanuviar o jantar, pediu ao amigo Steinbroken as suas impressões sobre o grande orador do sarau da Trindade, o Rufino.

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 569

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605