Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 17: Capítulo 17

Página 579

Aí ardia um lume alegre, a que o reverendo Bonifácio se deixava torrar, enrolado sobre a pele de urso. Afonso fazia a partida de whist com Steinbroken e com o Vilaça: mas tão distraído, tão confuso, que já duas vezes D. Diogo, infeliz e irritado, rosnara que se a dor de cabeça assim o estonteava melhor seria findarem! Quando Ega apareceu, o velho levantou os olhos inquietos:

- O Carlos? saiu?...

- Sim, creio que saiu com o Craft, disse o Ega. Tinham falado em ir ver o marquês.

Vilaça, que baralhava com a sua lentidão meticulosa, deitou também para o Ega um olhar curioso e vivo. Mas já D. Diogo batia com os dedos no pano da mesa, resmungando: -«Vamos lá, vamos lá... Não se ganha nada em saber dos outros!» Então Ega ficou ali um momento, com bocejos vagos, seguindo o cair lento das cartas. Por fim, mole e secado, decidiu ir ler para a cama, hesitou por diante das estantes, saiu com um velho número do Panorama.

Ao outro dia, à hora do almoço, entrou no quarto de Carlos. E ficou pasmado quando o Baptista - tristonho desde a véspera, farejando desgosto - lhe disse que Carlos fora para a Tapada, muito cedo, a cavalo...

- Ora essa!... E não deixou ordens nenhumas, não falou em ir para Santa Olávia?...

Baptista olhou Ega, espantado:

- Para Santa Olávia!... Não senhor, não falou em semelhante coisa. Mas deixou uma carta para V. Ex.ª ver. Creio que é do Sr. marquês. E diz que lá aparecia depois, às seis... Acho que é jantar.

Num bilhete de visita, o marquês, com efeito, lembrava que esse dia era «o seu fausto natalício», e esperava Carlos e o Ega às seis, para lhe ajudarem a comer a galinha de dieta.

- Bem, lá nos encontraremos, murmurou Ega, descendo para o jardim.

Aquilo parecia-lhe extraordinário! Carlos passeando a cavalo, Carlos jantando com o marquês, como se nada houvesse perturbado a sua vida fácil de rapaz feliz!... Estava agora certo de que ele na véspera fora à rua de S. Francisco. Justos céus! Que se teria lá passado? Subiu, ouvindo a sineta do almoço. O escudeiro anunciou-lhe que o Sr. Afonso da Maia tomara uma chávena de chá no quarto e ainda estava recolhido.

<< Página Anterior

pág. 579 (Capítulo 17)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 579

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605