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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 110

Nesse preciso momento, o subgerente apareceu, vindo do gabinete ao lado, relanceou, sorridente, os olhos por K, que, com o sobretudo vestido, falava com os clientes, e perguntou: levai sair, Herr K.?» «Sim», respondeu K., endireitando-se, «tenho de sair em serviço.» Entretanto, o subgerente tinha-se voltado já para os três clientes. «E estes senhores?», indagou ele. «Suponho que eles já aqui estão à espera há muito tempo.» Já decidimos sobre o que temos a fazer», respondeu K. No entanto, os clientes, nesta altura, já não conseguiam manter o mesmo respeito e, colocando-se à volta de K., começaram a protestar, dizendo que não teriam esperado tanto tempo se o assunto que ali os levava não fosse importante, para não dizer urgente, necessitando de ser discutido imediatamente, com todo o detalhe e em particular. O subgerente escutou-os por momentos, observando, ao mesmo tempo, K., que permanecia de chapéu na mão, sacudindo-lhe pó, e fez a seguinte observação: «Meus senhores, há uma solução muito simples. Se me aceitarem, terei muito prazer em me pôr à vossa disposição no lugar do senhor gerente. Com certeza que os vossos problemas têm de ser atendidos imediatamente. Somos igualmente homens de negócios e sabemos bem o valor que o tempo tem para nós. Querem ter a bondade de me acompanhar?» E abriu a porta que dava para a sala de espera do seu próprio gabinete.

Que esperto que o subgerente foi ao apossar-se da propriedade que K. se via forçado a abandonar! Mas não estaria K. a abandonar mais do que era absolutamente necessário? Enquanto, com a mais vaga e — não podia deixar de o admitir -—a mais ténue das esperanças, corria a encontrar-se com um pintor desconhecido, o seu prestigio no Banco sofria um dano irreparável. Seria, provavelmente, muito melhor para ele despir o sobretudo outra vez e aplacar pelo menos dois dos seus clientes que esperavam na sala ao lado a sua vez de serem atendidos pelo subgerente. K. talvez tivesse tentado fazê-lo se nesse momento não visse o subgerente dentro do seu próprio gabinete a remexer nas suas pastas de arquivo, como se estas lhe pertencessem. Muito perturbado, K. aproximou-se da porta do gabinete, pelo que o subgerente exclamou: «Ah, ainda não se foi embora.» Voltou a cara para K.—as profundas linhas do seu rosto pareciam traduzir força em vez de velhice — e recomeçou imediatamente a busca. «Ando à procura de uma cópia de um contrato», disse ele, «que o representante da firma diz estar entre os seus papéis. Não quer ajudar-me a procurá-lo?»

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 110

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179