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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 113

Esta escada era extraordinariamente estreita, muito comprida e sem curvas, podendo assim ser vista em todo o seu comprimento e terminando abruptamente à porta de Titorelli. Contrastando com o resto da escada, esta porta era bem iluminada por uma pequena bandeira colocada em forma de ângulo mesmo por cima dela e era feita de pranchas por pintar, nas quais se via apenas o nome Titorelli em grandes pinceladas vermelhas. K. encontrava-se com a sua escolta quase a meio da escada quando alguém, lá em cima, certamente perturbado pela algazarra de tantos pés, abriu um pouco a porta, aparecendo um homem que parecia usar apenas uma camisa por cima da pele. «Oh!», gritou ele quando viu o ajuntamento aproximar-se, desaparecendo imediatamente. A corcunda bateu as palmas de contente e as outras raparigas juntaram-se atrás de K. para o obrigar a andar mais depressa.

Contudo, ainda iam a caminho do topo da escada quando o pintor abriu completamente a porta, convidando com uma vénia K. a entrar. Quanto às raparigas, mandou-as embora, pois não queria deixar entrar nenhuma delas, ainda que, impacientemente, implorassem e tentassem entrar pela força mais do que por permissão. A corcunda conseguiu escapar-se sozinha para dentro de casa, passando por baixo do seu braço esticado, mas ele correu atrás dela, agarrou-a pelas saias, fê-la girar à volta da sua cabeça e em seguida colocou-a em frente da porta, entre as restantes raparigas, que entretanto não se unham atrevido, embora de tivesse abandonado o seu lugar, a atravessar a entrada. K. não sabia o que fazer no meio de tudo aquilo, pois todos pareciam estar nas mais amistosas relações de amizade. As raparigas, que se encontravam fora da porta, estendiam os pescoços umas por detrás das outras, gritavam os ditos mais divertidos ao pintor, que K não entendia, e o pintor ria também quando quase arremessava a corcunda pelo ar. Então fechou a porta, fez mais uma vénia a K., estendeu a mão e disse, apresentando-se: «Sou o pintor Titorelli.» K apontou para a porta atrás da qual as raparigas segredavam e disse: «O senhor parece ser aqui um grande favorito.» «Ah, aqueles fedelhos!», disse o pintor, tentando debalde abotoar o botão do colarinho da camisa de dormir. Estava descalço e, além da camisa de dormir, envergava apenas um par de calças de linho amarelo, de pernas largas e presas com um cinto cuja longa ponta balançava de um lado para o outro.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 113

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179