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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 159

Desta vez, sentiu uma enorme tentação de recusar a incumbência, tanto mais que não se tratava estritamente de um assunto de serviço; era, sim, um dever social para com um colega, sem dúvida bastante importante, mas que, simplesmente, não o era para ele, sabendo, como sabia, que nada o podia salvar a não ser um trabalho perfeito, na falta do qual não lhe seria da mínima utilidade o facto de o italiano o achar uma companhia encantadora; ele evitava ausentar-se do serviço ainda que fosse por um único dia, visto que tinha um receio enorme de não ser autorizado a regressar, um medo que ele bem sabia ser exagerado, mas que, de qualquer maneira, o oprimia. Desta vez, a dificuldade residia em arranjar uma desculpa aceitável; os seus conhecimentos de italiano não eram decerto muito grandes, mas eram, pelo menos, suficientes; mas o argumento decisivo foi ele, em tempos, ter adquirido uma certa formação artística, conhecimentos esses que, dentro do Banco, foram exageradamente apreciados por ele ter sido, durante certo tempo, simplesmente por uma questão de negócios, membro da Sociedade para a Conservação dos Monumentos de Arte. Constou que o italiano também era um conhecedor de arte e, por isso, pareceu muito natural que a escolha para o acompanhar recaísse sobre K.

A manhã apresentava-se muito húmida e ventosa quando K. chegou às sete horas ao escritório, contrariadíssimo por causa do programa que tinha à sua frente, mas disposto a efectuar pelos menos algum trabalho antes de ser desviado dele pelo visitante. Estava esgotado por ter passado metade da noite a estudar uma gramática italiana apenas para rever os seus conhecimentos; sentia-se mais tentado pela janela onde ultimamente costumava passar mais tempo do que à sua secretária, mas resistiu à tentação e sentou-se a trabalhar. Infelizmente, nesse mesmo momento, o contínuo apareceu, dizendo que o senhor director o tinha mandado ver se o senhor gerente já estava no seu gabinete e que, no caso de estar, lhe pedisse o favor de se dirigir à sala de visitas, porque o senhor vindo de Itália já tinha chegado. «Muito bem», respondeu K., metendo no bolso um pequeno dicionário. Pós debaixo do braço um álbum para visitantes que tinha pronto para mostrar ao estranho e atravessou o gabinete do subgerente em direcção ao do director. Estava satisfeito por se ter levantado bastante cedo a fim de se apresentar logo que fosse chamado; certamente ninguém esperaria que ele o fizesse.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 159

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179