O Processo - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 169 / 183

«Então és o homem que procuro», disse o padre. lesou o capelão da prisão.» «Sem dúvida», respondeu K. «Mandei-te vir aqui», continuou o padre, «para ter contigo uma conversa.» «Não sabia de nada», volveu K. «Vim aqui para mostrar a catedral a um italiano. «Isso está fora de questão», disse o padre. «Que é isso que trazes na mão? E um livro de orações?» «Não", volveu K., «é um álbum dos monumentos da cidade dignos de serem vistos.» «Larga isso!», ordenou o padre. K. atirou com ele tão violentamente, que deslizou aberto pelo chão, com as folhas amarrotadas. «Sabes que o teu processo vai mal?», inquiriu o padre. «Eu próprio tenho essa opinião», respondeu K «Fiz tudo o que me foi possível, mas até agora em vão. É claro que a minha petição ainda não acabou.» «Como achas que isto vai acabar?», perguntou o padre. «A princípio, pensei que correria bem», respondeu K, «mas agora tenho muitas vezes as minhas dúvidas. Não faço ideia de como tudo vai terminar. O senhor padre sabe?» «Não, não sei», respondeu o padre, «mas receio que termine mal. És considerado culpado. O teu processo nunca passará certamente do tribunal de primeira instância. A tua culpa de momento, pelo menos, está dada como provada.» «Mas eu não sou culpado», respondeu K., «é um erro. E, por falarmos nisso, como é que um homem pode ser considerado culpado? Somos todos homens, tanto uns como outros.» «Isso é verdade», disse o padre, «mas essa é a maneira como falam todos os acusados.» «O senhor padre tem também um preconceito contra mim?», inquiriu K. «Não tenho nenhum preconceito contra ti», respondeu-lhe o padre. «Obrigado», disse K., mas todas as outras pessoas relacionadas com o meu caso estavam predispostas contra mim. E tentaram influenciar mesmo os estranhos. A minha posição está a tornar-se cada vez mais difícil.» «Tu estás a interpretar mal os factos», volveu o padre. «Não se chega de repente à sentença, os processos jurídicos é que conduzem pouco a pouco a ela.» «É exactamente assim», disse K., baixando a cabeça. «Qual é o próximo passo que pensas dar em relação a este assunto?», perguntou o padre. uivou ver se consigo arranjar mais apoio», respondeu K., olhando de novo para cima, a fim de ver como o padre recebera a sua afirmação. «Há algumas possibilidades que ainda não explorei.» «Procuras demasiadamente ajudas de fora», disse o padre, desaprovadoramente. «especialmente da parte de mulheres. Não ves que não é o género de ajuda de que precisas?»





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