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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 2

Ainda assim, isso não lhe pareceu muito importante no momento. No entanto, o estranho atribuiu às suas palavras o mesmo sentido e por isso perguntou-lhe: «Não seria melhor ficar aqui?» «Não só não ficarei aqui como não permitirei que se me dirija sem primeiro se apresentar.» EIA minha intenção era boa», respondeu o estranho, que decidiu deixar a porta aberta. No quarto ao lado, onde K. entrou mais vagarosamente do que tencionava, tudo parecia estar, à primeira vista, como na noite anterior. Era a sala de estar de Frau Grubach. Talvez no amontoado da mobília, tapetes, louças e fotografias houvesse um pouco mais de espaço do que normalmente, se bem que disso não nos apercebêssemos imediatamente, em especial devido ao facto de a principal alteração consistir na presença de um homem que estava sentado junto à janela aberta, lendo um livro, do qual levantava agora os olhos. «Devia ter ficado no seu quarto! Franz não lhe disse isso?» «Sim, mas que faz o senhor aqui?», perguntou K., olhando deste seu novo conhecimento para o homem chamado Franz, que ainda permanecia de pé junto à porta, e deste para o outro. Através da janela aberta, entreviu novamente a velhota, que, com uma curiosidade verdadeiramente senil, se deslocara para a janela exactamente oposta, a fim de continuar a observar tudo o que pudesse. «Será melhor eu procurar Frau Grubach», disse K., movendo-se rapidamente como para se afastar dos dois homens (embora ambos estivessem a uma certa distancia dele) e fazendo menção de se ir embora. «Não», disse o homem que estava junto à janela, arremessando o livro para cima da mesa e levantando-se. «O senhor não pode sair, está preso.» «Assim parece», disse K. «Mas por que razão?», acrescentou. «Não estamos autorizados a dizer-lhe a razão. Vá para o seu quarto e aguarde lá. Foi-lhe movido um processo e o senhor será informado de tudo na altura oportuna. Estou a exceder as instruções que tenho ao falar assim abertamente consigo. Espero, contudo, que ninguém me oiça a não ser Franz, que também se tem mostrado muito franco consigo, ainda que contra as ordens recebidas. Se o senhor continuar a ter tanta sorte como a que teve com os guardas que o escolheram, poderá ter esperança no resultado final.» K. sentiu vontade de se sentar, mas viu que não havia mais nenhuma cadeira além da que se encontrava ao pé da janela. «O senhor em breve descobrirá que temos estado a dizer-lhe a verdade», disse Franz, avançando para ele juntamente com outro homem. Este, cuja estatura ultrapassava a de K., começou a dar-lhe palmadas no ombro. Ambos miraram a camisa de dormir de K., dizendo-lhe que teria de passar a usar camisas menos vistosas, mas que eles guardariam a que trazia, bem como o resto da sua roupa, embora lha restituíssem mais tarde, se se saísse bem do seu caso.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 2

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179