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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 55

K. espreitou por entre a rapariga e o homem pastado à sua frente, mas não viu sinais dele. «Suponho que», disse o homem, que estava elegantemente vestido e trazia um lindo colete cinzento terminado com dois bicos finos, «a fraqueza deste senhor é devida ao ar carregado que aqui dentro se respira e o melhor que haveria a fazer, e de que ele mais gostaria, seria levá-lo, não para a enfermaria, mas para fora destes escritórios.» «É exactamente isso!», exclamou K., tão satisfeito que quase interrompeu as palavras do homem. «Sentir-me-ia imediatamente melhor, estou convencido disso. É que nem estou assim tão fraco, do que preciso é de um pouco de apoio debaixo dos braços. Não lhes darei muito trabalho, pois não deve ser muito longe e é só levarem-me até à porta, que ali me sentarei nos degraus por uns momentos até me sentir melhor. Não sofro de ataques desta natureza e até fiquei surpreendido com este. Também sou funcionário e estou acostumado ao ar dos escritórios, mas aqui, como o senhores disseram, é realmente mais irrespirável do que em qualquer outra sitio. Façam-me então o favor de me ajudar um pouco, visto que ainda estou tonto e com a cabeça a andar à roda quando tento levantar-me.» E, ergueu os ombros para facilitar aos dois pegarem-lhe por debaixo dos braços

O homem não respondeu, porém, ao seu pedido, conservando-se de mãos nos bolsos a rir. «Vê», comentou ele para a rapariga, pus mesmo o dedo na ferida. Só aqui é que este senhor se sente mal, não nos outros lugares.» A rapariga sorriu também, mas tocou ao de leve no ombro do homem com as pontas dos dedos, como se ele estivesse a ir longe de mais ao zombar daquela maneira de K. «Mas, minha cara», objectou o homem, ainda a rir, «acompanharei o senhor até à porta, evidentemente!» «Então está bem», respondeu a rapariga, inclinando a atraente cabeça por um momento. «Não tome muito a sério o riso dele», disse ela a K., que tinha caído outra vez em profunda melancolia e aparentemente não esperava nenhuma explicação. «Este senhor... posso apresentá-lo? (o senhor acenou com a mão para mostrar que consentia)... este senhor representa os nossos Serviços Informativos. Dá aos clientes todas as informações de que necessitam e, como o nosso sistema não é muito conhecido entre a população, são pedidas imensas informações. Ele tem uma resposta para cada pergunta e, se alguma vez quiser, pode fazer a experiência. No entanto, esta não é a sua única marca de distinção, pois tem outra, a elegância dos seus fatos. Nós, quero dizer, o pessoal, decidimos que o Chefe dos Serviços informativos, já que está sempre em contacto com os clientes e é o primeiro a vê-los, deve estar elegantemente vestido, de maneira a criar boa impressão.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 55

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179