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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 69

Além disso, K. notara claramente como os seus olhos tinham brilhado à vista da nota de Banco, o que significava, obviamente, que o seu zelo em cumprir a missão era unicamente para fazer elevar o preço do suborno. E K. não devia ter sido mesquinho, visto que estava ansioso por libertar dali os guardas; desde que se tinha disposto a combater toda a corrupto administração daqueles serviços de justiça, era obviamente seu dever intervir nesta ocasião. No entanto, quando Franz começou a berrar, não foi possível qualquer intervenção. K. não poderia consentir que os funcionários da expedição e toda uma outra espécie de gente aparecessem e o surpreendessem naquela cena com aquelas criaturas no quarto de arrecadações. Ninguém podia, com certeza, exigir-lhe tal sacrifício. Se fosse realmente preciso um sacrifício da sua parte, ser-lhe-ia certamente mais simples despir toda a sua roupa e oferecer-se ao algoz em substituição dos guardas. De qualquer maneira, com certeza o algoz não aceitaria tal substituição, visto que, sem tirar qualquer partido dela, se encontraria envolvido numa grave falta de cumprimento do seu dever, dado que, enquanto este processo corresse, K. devia estar absolutamente livre de qualquer incómodo provocado por funcionários judiciais, apesar de, naturalmente, os padrões vulgares também não serem de aplicar aqui. Em todo o caso, nada mais podia fazer do que bater com a porta e retirar-se, embora esta atitude não o afastasse de todos os perigos. Foi pena que tivesse dado a Franz um empurrão, mas o estado de nervos em que se encontrava justificava só por si aquela atitude.

Ouviu ao longe os passas dos funcionários; para não atrair a sua atenção, fechou a janela e começou a caminhar em direcção à escada principal. À porta do quarto de arrecadações, parou por momentos e ficou à escuta. Reinava um silêncio sepulcral. O homem deve ter batido nos guardas até estes sucumbirem, pois estavam completamente entregues nas suas mãos. K. já tinha estendido a mão para agarrar o fecho da porta, mas retirou-a de novo. Todo o auxílio agora seria em vão e os funcionários não tardariam a aparecer; no entanto, prometeu solenemente que não encobriria o incidente e que faria tudo o que estivesse ao seu alcance pata que os culpados tivessem o castigo merecido, aqueles funcionários superiores que não se tinham atrevido a mostrar sequer a cata.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 69

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179