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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 76

«Muito certo», comentou seu tio com ar de alívio, como se, por fim, tivesse visto as suas ideias convergirem, «apenas dei a digestão porque pensei que a tua indiferença só pioraria o caso enquanto aqui permanecesses e que então seria melhor conduzi-lo eu por ti. No entanto, se tencionas tu próprio defendê-lo com todas as tuas forças, isso será indubitavelmente muito melhor.» «Chegamos, portanto, a um acordo», disse K. «E agora que sugere que eu faça a seguir?» «Terei de pensar um pouco no assunto, naturalmente», respondeu o tio. «Tens de te compenetrar de que vivi no campo durante vinte anos quase seguidas, não sendo agora o meu discernimento nestes assuntos tão eficiente como era outrora. As minhas relações com pessoas influentes, que saberiam melhor do que eu como atacar um tal problema, enfraqueceram com o decorrer do tempo. Sinto-me isolado no campo, como tu próprio sabes. Evidentemente que só em ocasiões de emergência como esta nos tornamos conscientes disso. Acresce que este teu caso me apanhou de surpresa, ainda que, pela carta de Erna, eu suspeitasse de qualquer coisa do género, suspeita que se transformou em certeza logo que te vi hoje. Mas isso não interessa. O mais importante agora é não perder tempo.» Antes de acabar de falar, já estava nas pontes dos pés à espera de um taxi e, enquanto gritava a direcção ao condutor, arrastava K. atrás de si para dentro do táxi. dávamos direitos ao Dr. Huld, o advogado», disse ele. «Foi meu colega na escola. Conhece-lo com certeza de nome, não é verdade? Não conheces? É realmente extraordinário. O seu nome alcançou uma reputação considerável como defensor e advogado dos pobres. Contudo, é como ser humano que confio absolutamente nele.» «Estou disposto a tentar tudo o que sugerir», afirmou K., se bem que a maneira apressada e precipitada com que o tio tratava o assunto o deixasse de certo modo perturbado. Não era muito lisonjeiro ter de se dirigir a um advogado de pobres como peticionário. «Não sabia», disse ele, «que em casos como este se podia recorrer a um advogado.» almas com certeza que se pode», respondeu-lhe o tio. «É óbvio. Por que não? E agora conta-me o que se passou até hoje, de modo que eu possa fazer uma ideia da situação.» K. começou imediatamente a contar a sua história, descendo ao mínimo pormenor, visto que a absoluta franqueza era o único protesto que ele podia apresentar contra a suposição do tio de que o processo era uma verdadeira vergonha. Mencionou o nome de Fraulein Bürstner apenas uma vez e de passagem, mas não lhe pareceu que esse facto pudesse afectar a sua franqueza, tanto mais que Fraulein Bürstner não tinha relação nenhuma com o processo.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 76

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179