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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 83

Além disso, mal conseguia seguir a conversa, rendo começado por pensar na enfermeira e na maneira indelicada com que seu rio a tratara e depois tentando lembrar-se se já tinha alguma vez v isto o chefe de repartição do tribunal: talvez, de facto, entre a assistência, durante o seu primeiro interrogatório. Poderia estar equivocado, mas o chefe de repartição do tribunal ficaria lindamente encaixado na primeira fila da assistência, entre os homens idosos de barbas já enfraquecidas.

Então um som vindo do vestíbulo de entrada, como de louça a partir-se, fez com que todos apurassem os ouvidos. «Vou ver o que aconteceu», disse K., saindo lentamente, a fim de dar aos outros oportunidade de o chamarem. Mal tinha chegado ao vestíbulo e começado a tactear o seu caminho na escuridão, já uma mão muito mais pequena do que a sua agarrava a mão com a qual segurava a porta, fechando-a com suavidade. Era a enfermeira, que ali tinha estado à sua espera. «Não aconteceu nada», segredou ela. «Fui eu que simplesmente atirei um prato de encontro à parede para o obrigar a vir cá fora.» K. disse embaraçadamente: «Também estava a pensar em si.» «Tanto melhor», respondeu a enfermeira. «Venha por aqui.» Em um ou dois passas encontraram-se em frente de uma porta almofadada, com um vidro grosso, que ela abriu. «Entre para aqui», disse a rapariga. Era, evidentemente, o escritório do advogado. Tanto quanto se podia ver à luz da Lua, que iluminava apenas um quadrado pequeno do chão defronte de cada uma das duas largas janelas, estava apetrechado com uma mobília pesada e antiga. Cáqui», disse a enfermeira, apontando para uma arca escura com um espaldar de madeira trabalhada. Depois de se ter sentado, K. continuou a observar o quarto, que era alto e espaçoso e onde os clientes deste «advogado dos pobres» se deviam sentir como se estivessem perdidos. K. começou a imaginar os tímidos e pequenas passos com que caminhariam em direcção à enorme secretária. Em seguida, contudo, esqueceu tudo isto e ficou de olhos postos na enfermeira, que se tinha sentado muito junto dele, quase o apertando de encontro ao banco «Julguei», disse ela, «que viria cá fora por decisão sua, sem esperar que eu o chamasse. É um procedimento estranho. Não conseguia tirar os olhos de mim desde o momento em que entrou e, contudo, deixou-me aqui à espera. Chame-me apenas Leni», acrescentou ela rápida e abruptamente, como se não houvesse tempo a perder. «Terei muito gosto», respondeu K.

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Capa do livro O Processo
Páginas: 183
Página atual: 83

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 25
Capítulo 3 39
Capítulo 4 59
Capítulo 5 65
Capítulo 6 71
Capítulo 7 88
Capítulo 8 132
Capítulo 9 158
Capítulo 10 179