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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 16

A partir dai, Buck evitou sempre aquele seu lado, e até ao fim nada mais veio a perturbar a camaradagem existente entre eles. A sua única ambição aparente, como a de Dave, era que o deixassem em paz, embora, como Buck veio a descobrir mais tarde, cada um deles possuísse uma outra ambição, e essa bem mais vital.

Nessa noite, Buck viu-se em sérios embaraços com o problema da dormida A tenda, iluminada por uma vela, resplandecia acolhedora no meio da planície branca; e quando ele, muito naturalmente, penetrou nela, Perrault e François bombardearam-no com pragas e utensílios de cozinha, a ponto de ele, após se recompor da sua desolação, ignominiosamente fugir para a noite fria. Soprava um vento frio que o trespassava sem dó e, com um rancor especial, lhe mordia a espádua ferida. Deitou-se sobre a neve e tentou conciliar o sono, mas o frio intenso depressa o fez pôr-se de pé, a tiritar. Miserável e profundamente desconsolado, vagueou por entre as numerosas tendas, verificando apenas que cada sítio era tão frio como o anterior. Aqui e ali, cães selvagens precipitavam-se sobre ele, mas bastava-lhe eriçar o pêlo do pescoço e rosnar (pois ele aprendia depressa) para o deixarem prosseguir tranquilo o seu caminho.

Por fim, teve uma ideia, voltar para trás e ver como se tinham arranjado os seus companheiros. Para grande espanto seu, haviam desaparecido. De novo se pôs a vaguear pelo vasto acampamento, à procura deles, e de novo voltou para trás. Estariam eles dentro da tenda? Não, não podia ser, pois de contrário ele não teria sido corrido de lá. Então, onde poderiam eles estar? De rabo entre as pernas e tiritando, profundamente desanimado, rondou sem tino a tenda. De súbito, a neve abateu sob as suas paras e ele caiu para trás. Qualquer coisa se revolvia debaixo dele. Imediatamente se afastou de um pulo, o pêlo eriçado e a rosnar, receoso do invisível e do desconhecido. Porém, um latido débil e amigável veio tranquilizá-lo, e avançou para ver do que se tratava. Uma lufada de ar morno subiu-lhe às narinas, e ali, enroscado sob a neve e compacto como um novelo, estava Billee. Este ganiu em tom conciliador, revolveu-se e aconchegou-se mais, a mostrar a sua boa vontade e intenções pacíficas, aventurando-se mesmo, a lamber o focinho de Buck com a língua húmida e tépida.

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Capa do livro O apelo da floresta
Páginas: 99
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 6 67
Capítulo 7 82
Capítulo 1 1
Capítulo 2 13
Capítulo 3 23
Capítulo 4 39
Capítulo 5 50