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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 34

A quebra de disciplina afectou igualmente os cães nas suas relações uns com os outros. Brigavam e disputavam entre si mais do que nunca, a ponto de por vezes o acampamento se transformar num autêntico pandemónio. Apenas Dave e Sol-leks se mantinham inalteráveis, embora se mostrassem mais irritados do que o costume, devido a toda aquela zaragata. François soltava pragas medonhas e, de raiva impotente, dava pontapés na neve e arrancava os cabelos. O seu chicote zunia constantemente por entre os cães, mas o resultado era praticamente nulo. Mal voltava as costas, tornavam de novo ao mesmo. Era ele a proteger Spitz com o seu chicote e Buda a proteger o resma da matilha François sabia que era ele o causador de tecla aquela desordem e Buck sabia que ele sabia, mas era agora demasiado experiente para de novo se deixai apanhar em flagrante. Uma vez com o arreio em cima, trabalhava com afinco, pois aquilo tornara-se um prazer para ele, mas maior prazer ainda experimentava-o ele em astuciosamente provocar uma luta entre os companheiros e emaranhar os tirantes.

Uma noite, na foz do Tahkeena, após a ceia, Dub sacou um coelho ela neve, mas atrapalhou-se e deixou-o fugir. No mesmo segundo toda a matilha se lançou na sua perseguição, latindo freneticamente. A uma centena de metros encontrava-se um acampamento ele elementos da polícia do Nordeste com cinquenta cães, todos cães-lobos que se juntaram à perseguição. O coelho disparou rio abaixo, desviou-se em direcção a uma pequena enseada, e, sem hesitação, começou a subir a rampa gelada. Deslizava pela neve, ao par que os cães avançavam a poder de força. Buck conhecia a matilha, sessenta elos possantes, curva após curva, mas não conseguia ganhar terreno. Ele corria veloz, colado ao chão e ganindo de ansiedades o seu corpo esplêndido adiante, cintilando a cada salto na brancura do luar. E a cada salto, como um espectro das neves, o coelho cintilava à sua frente.

Toclo aquele bulício de velhos instintos que em determinados períodos arrasta os homens elas cidades barulhentas para a floresta ou planície, para matar com balas impulsionadas quimicamente, unicamente pela volúpia do sangue e pelo prazer de exterminar — tudo isto sentia Buck, só que de modo infinitamente mais íntimo. Ele corria à cabeça da matilha, perseguindo a presa selvagem, o alimento vivo, para a matar com os seus próprios dentes e mergulhar o focinho ate aos olhos no sangue tépido.

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Capa do livro O apelo da floresta
Páginas: 99
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 6 67
Capítulo 7 82
Capítulo 1 1
Capítulo 2 13
Capítulo 3 23
Capítulo 4 39
Capítulo 5 50