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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 89

Apanhou salmão num importante riacho que ia desembocar algures no mar e junto desse mesmo riacho matou um enorme urso negro, que, cego pelos mosquitos enquanto também pescava, desembestara pela floresta fora, apavorado e sem defesas. A despeito disso, foi um combate terrível, que veio despertar os últimos restos da ferocidade latente de Buck. E dois dias mais tarde, quando voltou ao local e surpreendeu uma dúzia de lobos a disputarem entre si os despojos, foi num abrir e fechar de olhos que os pôs em debandada; e os que fugiram deixaram atrás dois deles, que não mais disputariam coisa nenhuma.

A ânsia de sangue afirmava-se nele mais imperiosamente do que nunca. Tornara-se um assassino, um ser que pilhava, vivendo dos outros seres que viviam, só e sem auxílio, apenas por virtude da sua própria força e destreza, sobrevivendo triunfalmente num ambiente hostil, onde só aos fortes é viável a sobrevivência. Por tudo isto, encheu-se de um grande orgulho em si próprio, que, como por contágio, se comunicou ao seu corpo. Esse orgulho era traído por todos os seus movimentos, desenhava-se nas flexões de cada músculo e transparecia na maneira como o fazia deslocar-se, tornando-lhe ainda mais resplandecente o pêlo magnífico. Não fosse o castanho desgarrado do focinho sobre os olhos, ou a pincelada branca que lhe corria a meio do peito, podia bem ser tomado por um gigantesco lobo, o maior que a raça alguma vez produziu. Do seu pai, um são-bernardo, herdara a estatura e o peso, mas fora a sua mãe pastara que dera forma a essa estatura e a esse peso. O seu focinho, comprido como era, confundia-se com o de um lobo, embora um pouco maior que o de qualquer lobo; do mesmo modo, a sua cabeça, um tanto mais volumosa, era exactamente a cabeça de um lobo em proporções maciças.

A sua astúcia era a de um lobo, uma astúcia selvagem, e a sua inteligência as inteligências conjuntas de um cão pastor e de um são-bernardo; e tudo isto, e ainda a experiência adquirida na mais dura das escolas, fazia dele uma criatura incomparável, superior a todas as outras que deambulavam pela floresta bravia. Como animal carnívoro que era, vivendo unicamente de carne, encontrava-se na pujança, no ponto máximo da sua vida, transbordante de vigor e vitalidade.

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Capa do livro O apelo da floresta
Páginas: 99
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 6 67
Capítulo 7 82
Capítulo 1 1
Capítulo 2 13
Capítulo 3 23
Capítulo 4 39
Capítulo 5 50