maneiras finas. Tratava com os maiores cuidados o seu cabelo louro e sedoso e o bigode, e usava um pouco de perfume discreto no lenço. As meias-luas das suas unhas eram perfeitas e, quando ria, mostrava uma fieira de dentes brancos de criança.
Enquanto estava sentado à sua escrivaninha, em King's Inns, pensava nas mudanças que aqueles oito anos tinham trazido. O amigo que ele conhecera pobre e necessitado tornara-se uma figura brilhante da imprensa londrina. Voltava-se de quando em quando do seu cansativo trabalho, para olhar para fora através da janela do escritório. O brilho de um pôr de sol de Outono cobria os canteiros relvados e os passeios, tomava uns tons de poeira dourada sobre as misses e os decrépitos velhos que estavam sentados nos bancos, corria por todas as figuras que se moviam - pelas crianças que gritavam, correndo ao longo da relva, e por todos os que passavam no jardim. Chandler olhava o espectáculo e pensava na vida; e, como sempre acontecia quando pensava na vida, tornava-se triste. Uma doce melancolia tomava conta dele e sentia como era inútil lutar contra a sorte.
Lembrou-se dos livros de poesias que se encontravam nas prateleiras da sua casa. Tinha-os comprado nos seus tempos de solteiro e, no decorrer de muitos serões,