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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 30

Mrs. Mooney era filha de um carniceiro, mulher decidida e capaz de tomar a seu cargo qualquer empresa.

Casara com o ajudante de seu pai e abrira um talho perto de Spring Gardens. Mas logo que o sogro morreu, Mr. Mooney, o marido começou a fazer o diabo. Bebia, roubava dinheiro da caixa e contraía dívidas. Era escusado correr em seu auxílio, porque dias mais tarde tornava a fazer os mesmos disparates. Altercava com a mulher em frente dos fregueses, comprava carne de má qualidade e, assim, ia arruinando o negócio. Uma noite andou atrás da mulher com uma machada, obrigando-a a fugir e a pernoitar em casa duns vizinhos.

Depois disto começaram a viver cada um para seu lado. Ela foi ter com o padre e conseguiu separar-se do marido, ficando comas crianças.

Ele, sem casa, sem comida e sem dinheiro, foi obrigado a transformar-se num dos homens do xerife. Tornou-se bêbedo, sempre mal-arranjado, de cara pálida, bigode branco e sobrancelhas igualmente brancas, por cima de uns olhos sempre húmidos e raiados de vermelho. Passava o dia todo sentado no quarto do balio, esperando que o mandassem trabalhar. Mrs. Mooney, que havia tirado o que ainda restava do seu dinheiro do talho, instalara uma casa de hóspedes na Rua Hardwicke, cheia de uma população flutuante constituída por turistas de Liverpool e da ilha de Man e, ocasionalmente,' de artistas de music-hall. Os hóspedes permanentes eram escrivães da cidade. Mrs. Mooney governava a casa com firmeza e sabia quando conceder créditos. Todos os hóspedes jovens a conheciam pelo nome de Madame.

Os hóspedes permanentes pagavam quinze shillings por semana, de pensão e aposentos (excluindo cerveja ou vinho às refeições); possuíam os mesmos gostos e ocupações e, por essa razão, entendiam-se todos muito bem. Jack Mooríey, filho de Madame, que era escriturário de um agente de comissões em Fleet Street, tinha a reputação de ser um «caso sério». Gostava de dizer obscenidades usadas pelos soldados, e recolhia usualmente de madrugada.

Quando encontrava os amigos tinha sempre uma boa para contar. Também cantava canções cómicas. Nas noites de domingo havia frequentemente reuniões na sala de visitas de Mrs. Mooney. Os artistas de music-hall prestavam o seu concurso. Sheridan tocava polcas e valsas, e fazia acompanhamentos. Polly Mooney, filha de Madame, cantava:

«Sou uma rapariga travessa Não é preciso envergonharem-se Bem sabem que o sou,»

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 30

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86