Nos últimos lanços passou por Jack Mooney que vinha da copa com duas garrafas de cerveja nos braços. Cumprimentaram-se friamente; e os olhos do apaixonado pousaram, por um instante, na cara de buldogue e nos braços fortíssimos do outro. Quando chegou ao fundo da escada, voltou-se e viu que Jack o olhava lá de cima.
De repente, lembrou-se de uma noite em que uma das artistas do music-hall, uma loirita de Londres, fizera uma alusão desagradável a respeito de Polly. A reunião quase tinha acabado por causa da fúria de Jack.
Todos tiveram de o sossegar. A rapariga do music-hall, um pouco mais pálida do que de costume, continuava a sorrir e dissera que não havia maldade naquilo. Mas Jack continuava a gritar que se qualquer rapaz se metesse com a irmã, ele ferrar-lhe-ia os dentes na garganta...
Polly deixou-se ficar, durante um bocadinho, em cima da cama, a chorar. Depois, enxugou as lágrimas e foi ver-se ao espelho. Molhou uma ponta da toalha no jarro de água e refrescou os olhos. Viu-se também de perfil e arranjou um gancho do cabelo que estava a cair, ao pé da orelha.
Em seguida, voltou de novo para a cama e sentou-se. Olhou por um bocado as almofadas, e isso acordou nela lembranças secretas e agradáveis. Deixou cair o pescoço contra o ferro fresco da cama e começou a sonhar. Já não se notava perturbação alguma no seu rosto.
Ficou esperando, pacientemente, quase satisfeita, sem nenhum alarme; os seus pensamentos traziam-lhe gradualmente esperanças e visões para o futuro. As esperanças e as visões eram de tal modo intrincadas, que já não via claro nem se lembrava de que estava esperando alguma coisa.
Por fim, ouviu sua mãe chamar, Pôs-se de pé rapidamente e correu para as escadas.
- Polly! Polly!
- Que é, mamã?
- Vem cá abaixo, querida. Mr. Doran quer falar contigo.
E então ela lembrou-se do que estava à espera.