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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 50

- Dispenso as velas - repetiu Mr. Kernan, consciente de haver causado certo efeito no auditório. - Acabo com esse negócio das velas...

Todos se riram com gosto.

-- Sempre me saíste um bom católico! - disse a mulher.

- Velas, não! - repetiu Mr. Kernan.

A igreja jesuíta, na Rua Gardiner, estava quase cheia. No entanto, a todo o momento entravam cavalheiros pela porta lateral, que avançavam em bicos dos pés até arranjarem lugar. Estavam todos bem vestidos. As luzes da igreja caíam sobre um aglomerado de casacos pretos e colarinhos brancos. Os cavalheiros sentavam-se nos bancos, depois de puxarem as calças e pousarem os chapéus em lugares seguros, e olhavam para a distante luz vermelha suspensa no altar-mor.

Num dos bancos, perto do púlpito, sentaram-se Mr. Cunningham e Mr. Kernan. No banco de trás, estava Mr. M’ Coy, sozinho; e ainda mais atrás, Mr. Power e Mr. Fogarty. Mr. M’ Coy tentara, mas sem resultado, encontrar lugar ao pé dos outros. Depois de todos se sentarem, procurara também, em vão, fazer observações cómicas, mas como estas não tinham sido bem recebidas, desistira. Para mais, estava sensibilizado com a atmosfera, e quase já respondia ao estímulo religioso. Num segredo, Mr. Cunningham chamou a atenção de Mr. Kernan para Mr. Harford, o agiota, que se encontrava a certa distância, e também para Mr. Farming, o agente do registo e mayor da cidade, que estava sentado mesmo ao pé do púlpito, ao lado dum dos novos conselheiros. À direita via-se o velho Michael Grimes, dono de três casas de penhores, e o sobrinho de Dan Hogan, que ambicionava um lugar no escritório de Clerk. Mais à frente, estavam Mr. Hendrick, o primeiro repórter do Freeman’s Journal e o pobre O'Carrol, velho amigo de Mr. Kernan, que, em tempos, fora uma considerada figura do comércio. Gradualmente, enquanto ia reconhecendo caras, Mr. Kernan sentia-se mais à vontade. O chapéu, que fora arranjado pela mulher, descansava nos joelhos. Por uma ou duas vezes puxou os punhos, enquanto com a outra mão segurava o chapéu.

Uma figura apareceu no púlpito. Simultaneamente a congregação levantou-se. Todos puxaram pelos lenços, para se ajoelharem em cima deles. Mr. Kernan seguiu o exemplo geral. A figura do padre aparecia agora no púlpito, encostando-se à balaustrada.

O padre Purdon ajoelhou-se. Depois, voltou-se para o altar-mor e, escondendo o rosto nas mãos, rezou. Passado um momento, levantou-se.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 50

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86