- Isso é com certeza melhor do que ser adorado, - respondeu Lord Henry, brincando com a fruta. - Ser adorado é uma maçada. As mulheres tratam-nos precisamente como a Humanidade trata os seus deuses. Adoram-nos, e estão-nos sempre a importunar para que por elas façamos alguma coisa.
- Eu direi que, seja o que for que elas nos peçam, já primeiramente no-lo deram - murmurou o jovem, gravemente. - Elas criam em nós o Amor. Têm direito a pedirem-nos que lho devolvamos.
- É absolutamente verdade, Dorian - exclamou Hallward.
- Nada há que seja absolutamente verdade - disse Lord Henry.
- Isto é-o! - atalhou Dorian. - Deve admitir, Henry, que as mulheres dão aos homens o próprio oiro das suas vidas.
- É possível - suspirou ele - mas reclamam-nos invariavelmente um troco tal... Isso é que é aborrecido. As mulheres, como disse um dia um francês de espírito, inspiram-nos o desejo de fazer obras-primas e impedem-nos sempre de as executar.
- Henry, você é terrível. Não sei por que gosto tanto de si.
- Você há-de sempre gostar de mim, Dorian. Querem café? Criado, traz café, champanhe e cigarros. Não, não tragas cigarros; tenho. Basil, não posso consentir que fume charuto. Tem de fumar um cigarro. O cigarro é o tipo perfeito dum prazer perfeito.