Resistiria à tentação. Nunca mais veria Lord Henry - nunca mais, desse por onde desse, escutaria aquelas subtis e venenosas teorias que, no jardim de Basil Hall ward, primeiro despertaram nele a paixão pelas coisas impossíveis. Voltaria a encontrar-se com Sibyl Vane, pedir-lhe-ia perdão, casaria com ela, e esforçar-se-ia por de novo a amar. Sim, era esse o seu dever. Ela devia ter sofrido mais do que ele. Pobre criança! Fora egoísta e cruel para com ela. A fascinação que ela sobre ele exercia havia de renascer. Haviam de ser felizes juntos. A sua vida com ela havia de ser bela e pura.
Levantou-se da cadeira e colocou um grande biombo em frente do retrato, tremendo ao relancear-lhe os olhos. - Que horror! - murmurou.
Dirigiu-se para a janela e abriu-a. Quando saiu para o jardim, respirou profundamente. O ar fresco da manhã parecia afugentar-lhe todas as suas sombrias paixões. Pensava apenas em Sibyl. Sentiu de novo um débil eco do seu amor por ela. Repetiu o seu nome vezes sem conta. Os pássaros que chilreavam no jardim perlado de orvalho pareciam falar dela às flores.