O Retrato de Dorian Gray - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 26 / 335

- Fique, Henry, para fazer a vontade a Dorian e a mim - disse Hallward, fixando os olhos no retrato. - É verdade, eu nunca falo quando estou a trabalhar, e também nunca atendo ao que me dizem, e isso deve causar um tédio terrível aos meus desventurados modelos. Fique, peço-lhe!

- E o homem que está à minha espera? O pintor riu-se.

- Não me parece que daí resulte alguma contrariedade. Sente-se, Henry. E agora, Dorian, suba para o estrado, e não se mexa muito nem ligue atenção ao que Lord Henry disser. Ele exerce uma influência nociva sobre todos os seus amigos, com a única excepção da minha pessoa.

Dorian Gray subiu para o estrado, com o ar de um mártir grego, e, olhando para Lord Henry, para quem se sentia já fortemente atraído, mostrou-lhe um leve assomo de enfado. Lord Henry era tão diferente de Basil. Faziam um contraste delicioso. E que bela voz a sua! Passados alguns instantes disse-lhe:

- É verdade ser assim tão má a sua influência, Lord Henry?

- Influência boa é coisa que não existe, Sr. Gray. Toda a influência é imoral, imoral sob o ponto de vista científico.

- Porquê?

- Porque exercer influência sobre um homem qualquer é dar-lhe a nossa própria alma.





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