- Minha querida Gladys, nem o seu nome nem o de Dorian eu mudaria. São ambos perfeitos. Pensava principalmente nas flores. Ontem cortei uma orquídea para pôr na casaca. Era uma maravilha, tão real e verdadeira como os sete pecados mortais. Num momento de irreflexão, perguntei a um dos jardineiros como ela se chamava. Disse-me que era um belo exemplar de Robinsoniana, ou qualquer coisa assim terrível. É uma triste verdade, mas nós perdemos a faculdade de dar às coisas nomes lindos. O nome é tudo. Eu nunca questiono por causa de acções. Só de palavras faço questões. É esse o motivo por que em literatura odeio o realismo vulgar. O homem que pode a uma pá chamar pá devia ser obrigado a trabalhar com uma. É a única coisa para que mostra jeito.
- Então que nome lhe havíamos de pôr, Henry?
- Príncipe Paradoxo - respondeu Dorian.
- Reconheço-o logo - exclamou a duquesa.
- Não quero que me chamem assim - objectou a rir Lord Henry, enterrando-se numa poltrona. - Não há maneira de a gente se livrar dum rótulo! Recuso o título.
- As realezas não podem abdicar - advertiram os lindos lábios.
- Quer então que eu defenda o meu trono?
- Quero.
- Eu digo as verdades de amanhã.
- Prefiro os erros de hoje - respondeu ela.