- Ah! o vestido deve dizer com as flores dele, Gladys.
- Isso seria uma capitulação prematura.
- Na arte romântica o auge da emoção está no princípio...
- Devo reservar-me uma oportunidade para a retirada.
- À maneira dos Partos?
- Esses só no deserto se encontravam a salvo. Eu não podia fazer isso.
- As mulheres nem sempre têm a faculdade da escolha - respondeu ele; mas mal havia terminado a frase, quando do extremo da estufa chegou um gemido abafado, seguido do ruído dum baque pesado.
Ergueram-se todos de sobressalto. A duquesa estacou, imobilizada de horror. Lord Henry, com uma ansiosa expressão de receio nos olhos, deitou a correr, através dos braços pendentes das palmeiras e foi dar com Dorian Gray caído de borco no mosaico do chão, desmaiado, como se estivera morto.
Levaram-no imediatamente para a sala azul e deitaram-no sobre um sofá. Passados uns minutos veio a si e olhou em roda com uma expressão espavorida.
- Que aconteceu? - perguntou. - Oh! lembro-me. Estou seguro aqui, Henry? Começou a tremer.
- Meu caro Dorian - respondeu Lord Henry -, foi apenas um desmaio. Nada mais. Fatigou-se talvez demais. Seria melhor não vir jantar. Eu substitui-lo-ei.
- Não, eu vou - disse, pondo-se em pé. - Antes quero ir. Não quero ficar só.
Foi para o seu quarto e vestiu-se. Ao sentar-se à mesa, havia nas suas maneiras uma alegria estouvada e despreocupada, mas, de quando em quando, percorria-o todo um arrepio de terror, ao lembrar-se de que, colada à janela da estufa, como um lenço branco, vira a cara de James Vane, espreitando...