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Capítulo 19: Capítulo 19

Página 302
Se nos canteiros se houvesse notado pegadas, os jardineiros haver-lho-iam comunicado. Sim, fora apenas a sua imaginação. O irmão de Sibyl Vane não voltara para o matar. Partira no seu navio para soçobrar em algum mar proceloso. Daquele, houvesse o que houvesse, estava livre. O homem não sabia, nem podia saber quem ele era. Salvara-o a máscara da mocidade.

E, contudo, se fora apenas uma ilusão, que terrível era pensar que a consciência podia elaborar tão medonhos fantasmas, dar-lhes forma visível, fazê-los mover-se ante os nossos olhos! Que vida iria ser a sua, se, dia e noite, as sombras do seu crime o espreitassem dos recantos silenciosos, escarnecessem dos lugares secretos, lhe cochichassem ao ouvido no meio duma festa, o despertassem com dedos álgidos, quando estivesse a dormir! Quando este pensamento se lhe insinuava no cérebro, empalidecia de terror, e o ar parecia-lhe arrefecer de repente. Oh! em que desvairada hora de loucura matara o seu amigo! Como o espavoria só o recordar-se da cena! Via-a de novo em todas as suas minudências, que, ao evocá-las, mais horrorosas ainda se lhe afiguravam. Da negra caverna do Tempo, surgia a imagem do seu pecado, terrível e envolta em panos escarlates. Quando, às seis horas, Lord Henry chegou, encontrou-o a chorar, como se o coração se lhe estivesse partindo.

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pág. 302 (Capítulo 19)

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Capa do livro O Retrato de Dorian Gray
Páginas: 335
Página atual: 302

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 23
Capítulo 4 47
Capítulo 5 67
Capítulo 6 91
Capítulo 7 110
Capítulo 9 142
Capítulo 10 165
Capítulo 11 181
Capítulo 12 195
Capítulo 13 225
Capítulo 14 236
Capítulo 15 246
Capítulo 16 265
Capítulo 17 279
Capítulo 18 293
Capítulo 19 301
Capítulo 20 313