Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 110

- É verdade que fiz a promessa que referiste; portanto, devo cumpri-la, mas tendes de me ajudar.

- Ajudar-te-emos - disse ele.

- Espero - continuei - descobrir o que procuramos da seguinte maneira. Se a nossa cidade foi bem fundada, é perfeitamente boa.

- Necessariamente.

- Portanto, é evidente que é sábia, corajosa, ponderada e justa.

- É evidente.

- Por conseguinte, qualquer que seja a virtude que encontrarmos nela, as virtudes restantes serão as que não tivermos encontrado.

- Sem dúvida.

- Se de quatro coisas procurássemos uma, seja em que assunto for, e que desde o início ela se nos apresentasse, saberíamos o suficiente acerca dela; mas, se tivéssemos primeiramente conhecimento das outras três, por isso mesmo conheceríamos a coisa procurada, porque é evidente que não seria senão a coisa restante.

- É exacto - disse ele.

- Portanto, visto que os objectos da nossa pesquisa são em número de quatro, não devemos adoptar este método? - Sim, evidentemente.

- Ora, no caso que nos ocupa, creio que é a sabedoria a primeira que se vê claramente; e eis que a seu respeito surge um facto estranho.

- Qual? - perguntou ele.

- A cidade que fundámos - respondi - parece-me realmente sábia, dado que é prudente nas suas deliberações.

- Sim.

- E a prudência nas deliberações é, evidentemente, uma espécie de ciência; com efeito, não é por ignorância, mas por ciência, que se delibera bem.

- Evidentemente.

- Mas há na cidade uma grande diversidade de ciências.

- Sem dúvida.

- Assim, é por causa da ciência dos carpinteiros que se deve dizer que a cidade é sábia e prudente nas suas deliberações?

- De modo nenhum - respondeu -, mas essa ciência fará dizer que é hábil na carpintaria.

- Por conseguinte, não é porque delibera com ciência sobre a melhor maneira de fabricar as obras de marcenaria que a cidade deve ser considerada sábia?

- Por certo que não!

- Será pela sua ciência em obras de bronze ou outros metais?

- Por nenhuma dessas ciências - disse ele.

- Nem pela da produção dos frutos da terra, dado que a este título é agrícola?

- Assim me parece.

- Pois quê! - prossegui. - Há uma ciência, na cidade que acabamos de fundar, existente em certos cidadãos, pela qual essa cidade delibera não sobre uma das partes que a compõem, mas sobre o seu próprio conjunto, para conhecer a melhor maneira de se comportar em relação a si mesma e às outras cidades?

<< Página Anterior

pág. 110 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 110

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265