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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 114

- Não vês também que na tua cidade os desejos da turba dos homens de baixa condição são dominados pelos desejos e pela sabedoria do número mais pequeno dos homens virtuosos?

-Vejo.

- Se se pode dizer de uma cidade que é senhora dos seus prazeres, das suas paixões e de si mesma, é desta que é preciso dizê-lo.

- Sem dúvida.

- Mas não se deve considerá-la também tendo tudo isso em consideração?

- Com toda a certeza.

- E se, noutra cidade, governantes têm a mesma opinião no que toca aos que devem mandar, na nossa cidade também residirá esse acordo, não é assim?

- Sem dúvida nenhuma.

- Pois bem! Quando os cidadãos albergam tais disposições, em quais dirias que se encontra a moderação: nos governantes ou nos governados?

- Nuns e noutros - respondeu.

- Vês assim que tínhamos razão há pouco, quando dizíamos que a moderação se assemelha a uma harmonia. - Porquê?

- Porque não acontece com ela o mesmo que com a coragem e a sabedoria, que, residindo respectivamente numa parte da cidade, tornam esta corajosa e sábia. A moderação não actua assim: espalhada no conjunto do Estado, põe em uníssono da oitava os mais fracos, os mais fortes e os intermédios, sob a relação da sabedoria, se quiseres, da força, se também quiseres, do número, das riquezas ou de qualquer outra coisa semelhantes. Por isso, podemos dizer, com toda a razão, que a moderação consiste nessa concórdia, harmonia natural entre o superior e o inferior quanto ao ponto de saber quem deve mandar, tanto na cidade como no indivíduo.

- Concordo inteiramente contigo.

- Seja - disse eu. - Temos assim três coisas que foram descobertas na nossa cidade. Quanto à quarta, pela qual esta cidade também participa na virtude, que poderá ser? É evidente que é a justiça.

- É evidente.

- Ora bem, Gláucon, agora, como caçadores, temos de nos pôr em círculo em volta do matagal e evitar que a justiça fuja e se desvaneça diante dos nossos olhos. É indubitável que ela está aqui, em qualquer parte. Portanto, olha, esforça-te por procurá-la; talvez sejas o primeiro a vê-la e então mostrar-ma-ás.

- Quem me dera! Mas, se me tomares como seguidor, capaz de descobrir o que se lhe assinala, poderás utilizar muito melhor as minhas forças.

- Segue então depois de teres orado comigo".

- Seguirei - disse ele -, só quero que me guies.

- É claro - retorqui - que o local está oculto e é de acesso custoso; é escuro e difícil de bater. Mas é preciso avançar.

- Sim, é preciso avançar.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 114

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265