Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 113

- Não faço ideia - respondeu -, mas gostaria que ela não se apresentasse antes de examinarmos a temperança. Se me queres dar prazer, começa por analisar esta última.

- É claro que quero; seria um erro recusar.

- Então, analisa-a - disse ele.

- É o que vou fazer. E, vendo bem, ela assemelha-se, mais do que as virtudes precedentes, a um acordo e a uma harmonia. -Como?

- A temperança é, de certo modo, uma ordem, um domínio que se exerce sobre certos prazeres e paixões, como o indica - de uma forma que não considero exagerada - a expressão comum «senhor de si mesmo» e outras semelhantes, que são, por assim dizer, vestígios desta virtude, não é verdade?

- Com toda a certeza.

- Ora, a expressão «senhor de si mesmo» não é ridícula? Aquele que é senhor de si mesmo é também, suponho, escravo de si mesmo, e, aquele que é escravo, senhor; com efeito, em todos os casos é a mesma pessoa que é designada.

- Sem dúvida.

- Mas esta expressão parece-me querer dizer que há na alma humana duas partes: uma superior em qualidade e outra inferior; quando a superior comanda naturalmente a inferior, diz-se que é o homem senhor de si mesmo - o que é, sem dúvida, um elogio; mas quando, devido a uma má educação ou a uma má frequência, a parte superior, que é mais pequena, se vê dominada pela massa dos elementos que compõem a inferior, censura-se este domínio como vergonhoso e diz-se que o homem em semelhante estado é escravo de si mesmo e corrupto.

- Essa explicação parece-me certa - disse ele.

- Lança então os olhos - continuei - para a nossa jovem cidade; verás uma dessas condições realizada e dirás que é com razão que se lhe chama senhora de si mesma, admitindo que se deve chamar moderado e senhor de si mesmo a tudo aquilo em que a parte superior comanda a inferior.

- Lanço os olhos e vejo que falas verdade.

- Certamente, também descobrirás nela, em grande número e feitio, paixões, prazeres e dores, sobretudo nas crianças, nas mulheres, nos servidores e na turba de homens de baixa condição que são considerados livres. - Com certeza.

- Mas, quanto aos sentimentos simples e moderados que o raciocínio dirige e acompanham a inteligência e a recta opinião, só os encontrarás em raras pessoas, aquelas que, dotadas de excelente carácter, foram formadas por uma excelente educação.

- É verdade.

<< Página Anterior

pág. 113 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 113

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265