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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 116

- Seria difícil decidir - disse ele. - E como não?

- Assim, a forma que contém cada cidadão nos limites da sua própria tarefa concorre, para a virtude de uma cidade, com a sabedoria, a moderação e a coragem dessa cidade.

- Com certeza.

- Mas não dirás que a justiça é essa força que concorre com as outras para a virtude de uma cidade?

- Sim, sem dúvida.

- Analisa agora a questão da seguinte maneira, para veres se a tua opinião continua a ser a mesma: encarregarás os chefes de julgar os processos?

- Sem dúvida.

- E procurarão eles, ao fazê-lo, outra felicidade que não seja esta: impedir que cada parte fique com os bens da outra ou seja privada dos seus?

- Não, nenhuma outra finalidade.

- Porque isso é justo?

-Sim.

- E assim se reconhecerá que a justiça consiste em guardar somente os bens que nos pertencem e em exercer unicamente a função que nos é própria.

- É isso.

- Nesse caso, vê se pensas como eu. Se um carpinteiro decidir exercer o ofício de sapateiro ou um sapateiro o de carpinteiro e trocarem as ferramentas ou os respectivos salários - ou se um mesmo homem tentar exercer estes dois ofícios e se todas as mudanças possíveis, excepto aquela que vou indicar, se produzirem - achas que isso pode prejudicar grandemente a cidade?

- É claro que não acho - respondeu.

- Pelo contrário, quando um homem, que a natureza destina a ser artesão ou a ocupar qualquer outro emprego lucrativo, exaltado pela riqueza, o grande número das suas relações, a força ou a outra vantagem semelhante, tenta elevar-se à categoria de guerreiro, ou um guerreiro à categoria de chefe e guarda, de que é indigno; quando são esses que trocam as suas ferramentas e os respectivos privilégios, ou quando um mesmo homem procura desempenhar todas estas funções ao mesmo tempo, julgas, como eu, segundo penso, que esta mudança e esta confusão provocam a ruína da cidade?

- Exactamente.

- A confusão e a mutação destas três classes entre si constituem para a cidade a deterioração suprema e com toda a razão se poderia considerar esta desordem como o maior dos malefícios.

- Com certeza.

- Ora, o maior malefício que se pode cometer contra a cidade não te parece que é a injustiça?

- Como não?

- Portanto, é nisso que consiste a injustiça.

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pág. 116 (Capítulo 4)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265