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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 117
Eis agora a recíproca: quando a classe dos homens de negócios, a dos auxiliares e a dos guardas exercem a sua função própria e só se ocupam dessa função, não é o contrário da injustiça e o que torna a cidade justa?

- Parece-me – confessou - que não pode ser de outra maneira.

- Não o afirmemos ainda - retorqui - como uma certeza; mas, se reconhecermos que esta concepção, aplicada a cada homem em particular, é também a justiça, então dar-lhe-emos mos a nossa aprovação - que mais dizer? -, caso contrário faremos incidir a nossa análise sobre outra coisa. Para já, completemos este inquérito, que, segundo pensávamos, nos devia permitir ver mais facilmente a justiça do homem, se tentássemos primeiramente contemplá-la num dos indivíduos maiores que a possuem. Ora, pareceu-nos que esse indivíduo era a cidade; por isso, fundámos uma tão perfeita quanto possível, sabendo muito bem que a justiça se encontraria na boa cidade. O que aí descobrimos transportemo-lo agora para o indivíduo e, se se concluir que é isso a justiça, tanto melhor. Mas, se descobrirmos que a justiça é outra coisa no indivíduo, voltaremos à cidade para o experimentar. Talvez comparando estas concepções e pondo-as em contacto uma com a outra, façamos brotar a justiça como o fogo dos elementos de uma pederneira; em seguida, quando ela se tiver tornado manifesta para nós, fixá-la-emos nas nossas almas.

- A tua proposta é metódica - dissemos ele. - É assim que é preciso proceder.

- Ora bem - continuei -, quando duas coisas, uma maior, outra mais pequena, são designadas pelo mesmo nome, são diferentes, enquanto designadas pelo mesmo nome, ou semelhantes?

- Semelhantes.

- Portanto, o homem justo, enquanto justo, não diferirá da cidade justa, mas será semelhante a ela.

-Assim é.

- Mas a cidade pareceu-nos justa quando cada uma das suas partes se ocupava da sua tarefa própria; por outro lado, moderada, corajosa e sábia pelas disposições e as qualidades dessas mesmas partes.

- É verdade - concordou.

- Por conseguinte, meu amigo, consideraremos igualmente que o indivíduo, quando a sua alma encerra essas mesmas partes, merece, em virtude das mesmas disposições, os mesmos nomes que a cidade.

- É absolutamente necessário.

- Eis-nos assim caídos, homens maravilhosos, numa questão insignificante que diz respeito à alma: saber se ela tem ou não em si mesma estas três partes.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 117

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265