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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 125

- E estas duas partes assim educadas, realmente instruídas do seu papel e aptas a desempenhá-lo, dominarão o elemento concupiscível, que ocupa o maior espaço na alma e que, por natureza, é no mais alto grau ávida de riquezas; vigiá-lo-ão, para evitar que, saciando-se dos pretensos prazeres do corpo, se desenvolva, revigore e, em vez de se ocupar da sua tarefa, tente subjugá-los e governá-los - o que não convém a um elemento da sua própria espécie - e subverta toda a vida da alma.

- Com certeza - disse ele.

- E dos inimigos do exterior não guardarão melhor toda a alma e todo o corpo, a primeira deliberando, o segundo combatente sob as ordens da primeira e executando corajosamente os projectos concebidos por esta?

- Certamente.

- Ora, chamamos ao indivíduo corajoso, creio eu, tendo em consideração a parte irascível da sua alma, quando esta parte salvaguarda, através de dores e prazeres, os preceitos da razão respeitantes ao que se deve ou não deve recear.

- É exacto.

- Por outro lado, chamamos-lhe sábio tendo em consideração essa parte dele mesmo que comanda e emite estes preceitos, parte que possui também a ciência do que aproveita a cada um dos três elementos da alma e ao seu conjunto.

- Perfeitamente.

- Mas como? Não lhe chamamos moderado devido à amizade e harmonia destes elementos, quando o chefe e os dois súbditos concordam que a razão deve governar e que não há rebelião contra ela?

- Sem dúvida - disse ele - que a moderação não é coisa diferente na cidade e no indivíduo.

- Por conseguinte - continuei -, o último será justo pela razão e da maneira que tantas vezes indicámos.

- Assim é preciso.

- Agora - perguntei -'-, a justiça embotou-se ao ponto de nos parecer diferente do que era na cidade?

- Não o creio - respondeu.

- É que, se houvesse ainda alguma dúvida na nossa alma, poderíamos fazê-la desaparecer completamente aproximando a nossa definição da justiça das noções comuns.

- Quais?

- Por exemplo, se tivéssemos de decidir a respeito da nossa cidade e do homem que, por natureza e educação, é semelhante a ela, se este homem, tendo recebido um depósito de ouro ou prata, parece desejar desviá-lo, achas que alguém o julgaria mais capaz de semelhante acção do que aqueles que não se lhe assemelham?

- Não me parece.

- Mas esse homem não estará igualmente limpo de sacrilégio, roubo e traição, tanto particular, em relação aos amigos, como pública, em relação à sua cidade?

- Estará limpo.

- E, naturalmente, de maneira nenhuma faltará à sua palavra, quer se trate de juramentos ou outras promessas.

- Como poderia fazê-lo?

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 125

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265