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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 127

- Por certo que não.

- Nesse caso, dizemo-lo?

- Dizemos.

- Bom. Depois disto, creio que temos de analisar a injustiça.

- Evidentemente.

- Ora, pode ser outra coisa além de uma espécie de sedição entre os três elementos da alma, uma confusão, uma usurpação das suas tarefas respectivas - a revolta de uma parte contra o todo para adquirir uma autoridade a que não tem direito, porque a sua natureza a destina a suportar uma servidão que não deve suportar o que é de raça real? É daqui, diremos nós, desta perturbação e desta desordem, que nascem a injustiça, a incontinência, a cobardia, a ignorância e todos os vícios, numa palavra.

- Com certeza.

- Mas - continuei -, visto que conhecemos a natureza da injustiça e da justiça, já vemos claramente em que consistem a acção injusta e a acção justa.

- Como?

- Não diferem - respondi - das coisas sãs e das coisas malsãs; o que estas últimas são para o corpo são-no para a alma.

- De que maneira?

- As coisas sãs engendram a saúde e as malsãs a doença.

-Assim é.

- De igual modo, as acções justas não engendram a justiça e as injustas a injustiça?

- Sim, necessariamente.

- Ora, engendrar a saúde é estabelecer, segundo a natureza, as relações de domínio e sujeição entre os diversos elementos do corpo; engendrar a doença é permitir-lhes governar ou ser governados um pelo outro contra a natureza.

- É isso.

- Portanto, engendrar a justiça não é estabelecer, segundo a natureza, as relações de domínio e sujeição entre os diversos elementos da alma? E engendrar a injustiça não é permitir-lhes governar ou ser governados um pelo outro contra a natureza?

- Sem dúvida.

- Por conseguinte, a virtude é, creio eu, saúde, beleza, boa disposição da alma, e o vício é doença, fealdade e fraqueza.

-Assim é:

- Mas as belas acções não levam à aquisição da virtude e as vergonhosas à do vício?

- Necessariamente.

-. Só nos falta agora analisar se é proveitoso agir com justiça, dedicar-se ao que é honesto e ser justo, quer se seja ou não conhecido como tal ou cometer a injustiça e ser injusto, mesmo que não se seja castigado e o castigo não nos torne melhores.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 127

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265