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Capítulo 5: Capítulo 5

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- Sim, é o que acontece a muita gente. Mas, neste momento, que temos a ver com isso?

- Perfeitamente; há o risco de, sem o querermos, termos sido arrastados pela argumentação.

- Como?

- Insistimos corajosamente e como verdadeiros argumentadores no aspecto de que naturezas diferentes não devem ter os mesmos empregos, ao passo que de maneira nenhuma examinámos de que espécie de natureza diferente e de natureza própria se trata, nem sob que relação as distinguíamos quando atribuímos às naturezas diferentes funções diferentes e às naturezas próprias funções idênticas.

- Com efeito - disse ele -, não examinámos.

- Sendo assim, podemos perfeitamente perguntar, julgo eu, se a natureza dos calvos e a dos cabeludos são idênticas e, depois de termos concluído que são opostas, proibir os cabeludos de exercerem o ofício de sapateiro, no caso de os calvos o exercerem, e reciprocamente aplicar a mesma proibição aos calvos, se forem os cabeludos a exercê-lo.

- É claro que seria ridículo!

- Mas - continuei - seria ridículo por uma razão diferente: na exposição do nosso princípio não se tratava de naturezas absolutamente idênticas ou diferentes; não considerávamos senão essa forma de diferença ou de identidade que se refere aos empregos em si mesmos. Dizíamos, por exemplo, que o médico e o homem dotado para a medicina têm a mesma natureza, não é verdade?

- Sim, é.

- E que um médico e um carpinteiro têm natureza diversa.

- Perfeitamente.

- Portanto, se concluirmos que os dois sexos diferem entre si quanto à sua aptidão para exercerem determinada arte ou função, diremos que se deve atribuir essa arte ou função a um ou a outro; mas, se a diferença consistir apenas no facto de a fêmea parir e o macho procriar, não admitiremos por isso como demonstrado que a mulher difere do homem na relação que nos ocupa e continuaremos a pensar que os guardas e as suas mulheres devem exercer os mesmos empregos.

- E não estaremos errados.

- Depois disso, convidaremos o nosso opositor a ensinar-nos qual é a arte ou o emprego, respeitante ao serviço da cidade, para cujo exercício a natureza da mulher difere da do homem.

- Está certo esse convite.

- Talvez nos digam, como tu há pouco, que não é fácil responder imediatamente de modo satisfatório, mas que, após uma análise, não é difícil.

- Podem dizê-lo, com efeito.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 134

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265