Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: Capítulo 5

Página 137

- Deste modo, as mulheres dos nossos guardas abandonarão as suas roupas, pois que a sua virtude as substituirá; participarão na guerra e em todos os trabalhos relacionados com a guarda da cidade, sem se ocuparem de outra coisa; somente lhes atribuiremos no serviço a parte mais leve, por causa da fraqueza do seu sexo. Quanto àquele que zomba das mulheres nuas, quando se treinam com vista a uma finalidade excelente, colhe verde o fruto do riso; não sabe, aparentemente, de que zomba nem o que faz; com efeito, tem-se e ter-se-á sempre razão ao afirmar que o útil é belo e que só o nocivo é vergonhoso.

- Tens toda a razão.

- Podemos dizer que esta disposição da lei acerca das mulheres é como uma vaga a que acabamos de escapar a nado. E não só ficámos submersos ao decidirmos que os nossos guardas e as nossas guardas devem fazer tudo em comum, mas também o nosso discurso prova de algum modo que isso é ao mesmo tempo possível e vantajoso.

- Realmente, não é pequena a vaga a que acabas de escapar!

- Não dirás que é grande quando vires a que vem a seguir.

- Fala, então; mostra-ma.

- Creio que a essa lei e às precedentes se segue esta.

- Qual?

- As mulheres dos nossos guerreiros serão todas comuns a todos: nenhuma delas habitará em particular com nenhum deles; de igual modo, os filhos serão comuns e os pais não conhecerão os seus filhos nem estes os seus pais.

- Aí está uma coisa muito mais inverosímil que o resto e que dificilmente será julgada possível e vantajosa!

- Não penso que se possa contestar, no que respeita à vantagem, que a comunidade das mulheres e dos filhos não seja um bem enorme, se for realizável; mas creio que, quanto à sua possibilidade, se pode erguer prolongada contestação.

- Um e outro ponto - observou - podem muito bem ser contestados.

- Queres dizer que terei de enfrentar uma série de dificuldades. E eu que esperava evitar uma, se reconhecesses a vantagem, e ter de discutir apenas a possibilidade!

- Sim, mas não soubeste dissimular a tua evasiva. Portanto, explica estes dois pontos.

-Tenho de sofrer a pena em que incorri - confessei. - Concede-me, porém, esta graça: deixa que me despeça como esses preguiçosos que têm o hábito de se alimentar dos seus próprios pensamentos quando caminham sozinhos.

<< Página Anterior

pág. 137 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 137

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265