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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 152
Que, se ele se realizar numa cidade, originará todos esses bens, estou de acordo contigo, e citarei até outras vantagens que omites: os cidadãos lutarão tanto mais valorosamente contra o inimigo na medida em que nunca se abandonarem uns aos outros, conhecendo-se como irmãos, pais e filhos e designando-se por esses nomes. E, se as suas mulheres combaterem com eles - seja nas mesmas fileiras, seja colocadas à retaguarda, para assustarem o inimigo e prestarem ajuda em caso de necessidade -, sei que então serão invencíveis. Vejo também os bens de que gozarão e que tu não mencionaste. Mas, visto que concordo contigo em que terão todas essas vantagens e muitas outras, se esse governo se realizar, deixa de me falar dele. Procuremos antes convencer-nos de que uma tal cidade é possível, de que maneira é possível, e deixemos em paz todas as outras questões.

-. Que súbita investida - exclamei - fazes contra o meu discurso, sem indulgência para com os meus vagares! Mas talvez não saibas que, no momento em que acabo, a custo, de escapar a duas vagas, tu ergues uma outra, a mais alta e a mais terrível das três. Quando a tiveres visto e ouvido, desculpar-me-ás certamente por ter, não sem razão, hesitado e receado enunciar e tentar examinar uma proposta tão paradoxal.

- Quanto mais falares desse modo menos te dispensaremos de dizeres como pode ser realizado semelhante governo. Portanto, explica-o sem mais delongas.

- Primeiramente - retorqui -, devemos recordar que foi a procura da natureza da justiça e da injustiça que nos conduziu até aqui.

- Sem dúvida, mas que interessa isso? - perguntou.

- Nada. Simplesmente, se descobrirmos o que é a justiça, admitiremos que o homem justo em nada deve diferir dela, mas ser-lhe perfeitamente idêntico - ou contentar-nos-emos em vê-lo aproximar-se dela o mais possível e participar dela em grau mais elevado que os outros?

- Contentar-nos-emos com isso.

- Era para termos modelos que investigávamos o que é a justiça em

si mesma e o que seria o homem inteiramente justo, se viesse a existir; por essa mesma razão, procurávamos a natureza da injustiça e do homem absolutamente injusto: queríamos, erguendo os olhos para um e outro, ver a felicidade e a infelicidade reservada a cada um deles, a fim de sermos obrigados a concluir, no que nos diz respeito, que aquele que se lhes assemelhar mais terá uma sorte mais semelhante à delas; mas o nosso propósito não era demonstrar a possibilidade de existência destes modelos.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 152

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265