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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 151

- Considera agora - prossegui - o que acontece quando uma dessas perturbações, a que se convencionou chamar sedições, se produz e divide uma cidade: se os cidadãos de cada facção devastam os campos e queimam as casas dos cidadãos da facção adversa, diz-se que a sedição é funesta e que nem uns nem outros amam a sua pátria - dado que, se a amassem, não ousariam despedaçar assim a sua alimentadora e a sua mãe; pelo contrário, considera-se admissível que os vencedores levem somente as colheitas dos vencidos, na esperança de que se reconciliarão um dia com eles e não lhes farão sempre a guerra.

- Essa esperança denota um grau de civilização mais elevado do que a ideia contrária.

- Ora bem! Não é um Estado grego que queres fundar?

- Sim, deve ser grego.

- Por conseguinte, os seus cidadãos serão bons e civilizados?

- No mais alto grau.

- Mas não amarão os Gregos? Não defenderão a Grécia como a sua pátria? Não assistirão a solenidades religiosas comuns?

- Sem dúvida.

- Portanto, considerarão os seus diferendos com os Gregos como uma discórdia entre parentes e não lhes darão o nome de guerra.

- Perfeitamente.

- E nesses diferendos comportar-se-ão como devendo reconciliar-se um dia com os seus adversários.

- Com certeza.

- Chamá-los-ão mansamente à razão e não lhes infligirão, como castigo, a escravatura e a ruína, sendo amigos que corrigem, e não inimigos.

- Está certo.

- Como gregos, não devastarão a Grécia e não queimarão as casas; não considerarão como adversários todos os habitantes de uma cidade, homens, mulheres e crianças, mas apenas o pequeno número daqueles que são responsáveis pelo diferendo; consequentemente, e visto que a maioria dos cidadãos são seus amigos, recusar-se-ão a devastar-lhes as terras e a destruir-lhes os lares; finalmente, só prolongarão o diferendo até ao momento em que os culpados tiverem sido constrangidos, pelos inocentes que sofrem, a receber o castigo merecido.

- Reconheço, contigo, que os nossos cidadãos devem comportar-se assim em relação aos seus adversários e tratar os Bárbaros como os Gregos se tratam agora entre si.

- Façamos então também uma lei que proíba os guardas de devastarem as terras e incendiarem as casas.

- Sim - concordou - e admitamos que dará bons resultados, como as precedentes.

- Mas parece-me, Sócrates, que, se te deixarmos prosseguir, nunca mais te lembrarás da questão que puseste de lado para entrares em todos estes desenvolvimentos: a saber, se semelhante governo é possível e como é possível.

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pág. 151 (Capítulo 5)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 151

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265