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Capítulo 5: Capítulo 5

Página 155

- Conviria a outro, Gláucon, falar como tu fazes; mas um homem enamorado não deve esquecer que todos os que estão na juventude impressionam ou fascinam, de uma maneira ou de outra, aquele que ama as crianças, porque todas lhe parecem dignas dos seus cuidados e da sua ternura. Não é assim que vós fazeis em relação aos moços bonitos? Louvais o nariz achatado de um deles, depois de o terdes considerado encantador; pretendeis que o nariz aquilino de outro é real e o nariz médio de um terceiro perfeitamente proporcionado; para vós, aqueles que têm a tez morena têm um ar viril e os que a têm branca são filhos dos deuses. E a expressão «tez amarela de mel», achas que foi criada por alguém que não fosse um amante que lisonjeava assim a palidez com uma palavra terna, não lhe descobrindo nada de desagradável no rosto da juventude? Numa palavra, agarrais todos os pretextos, empregais todas as expressões para não repelir nenhum daqueles que resplandecem na sua juventude.

- Se queres dizer, tomando-me como exemplo, que os apaixonados agem assim, concordo, no interesse da discussão.

- Mas quê! - repliquei. - Não vês que as pessoas amantes do vinho procedem do mesmo modo e que nunca lhes faltam pretextos para receberem bem toda a espécie de vinho?

- Sim, vejo-o perfeitamente.

- Também vês, julgo eu, que os ambiciosos, quando não podem conseguir o alto comando, comandam um terço de tribo e, quando não são honrados por pessoas de uma classe superior e respeitável, contentam-se em sê-lo por pessoas de uma classe inferior e desprezível, porque são ávidos de distinções, quaisquer que sejam.

- Perfeitamente.

- Agora, responde-me: se dissermos de alguém que deseja uma coisa, afirmaremos com isso que a deseja na sua totalidade ou que só deseja dela isto e não aquilo?

- Que a deseja na sua totalidade.

- Diremos assim que o filósofo deseja a sabedoria, não nesta ou naquela das suas partes, mas no seu conjunto.

- É verdade.

- Não diremos daquele que se mostra rebelde às ciências, sobretudo se é novo e não distingue ainda o que é útil do que não o é, que é amigo do saber e filósofo; do mesmo modo que não se diz, de um homem que se mostra difícil quanto à alimentação, que tem fome ou que deseja determinado alimento, mas que não tem apetite.

- Sim, e teremos razão.

- Mas aquele que quer saborear toda a ciência, que se entrega alegremente ao estudo e nele se revela insaciável, a esse chamar-lhe-emos, com razão, filósofo, não é assim?

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pág. 155 (Capítulo 5)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 155

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265