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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 162

- Como assim?

- Admitamos primeiramente, a propósito dos caracteres filosóficos, que amam sempre a ciência, porque esta pode dar-lhes a conhecer essa essência eterna que não está sujeita às vicissitudes da geração e da corrupção.

- Admitamo-lo.

- E que amam essa ciência na totalidade, não enunciando a nenhuma das suas partes, pequena ou grande, exaltada ou desprezada, como os ambiciosos e os amantes a que nos referimos há pouco.

- Tens razão.

- Considera agora se não é necessário que homens que devem ser tais como acabamos de dizer possuíam, além disso, esta qualidade.

- Qual?

- A sinceridade e uma disposição natural para não admitirem voluntariamente a mentira, mas odiá-la e amar a verdade.

- E verosímil.

- Não só, meu amigo, é verosímil, mas é forçoso que aquele que sente naturalmente amor por alguém ame tudo o que se assemelha e liga ao objecto do seu amor.

- Tens razão - disse ele.

- Ora, poderias encontrar alguma coisa que se ligue mais estreitamente à ciência do que a verdade?

- É então possível que o mesmo carácter seja simultaneamente amigo da sabedoria e amigo da mentira?

- De modo nenhum.

- Por conseguinte, o que ama realmente a sabedoria deve, desde a juventude, aspirar tão vivamente quanto possível a apreender toda a verdade.

- Com certeza.

- Mas sabemos que, quando os desejos se orientam fortemente para um único objecto, se tornam mais fracos em relação ao resto, como um curso de água desviado para essa via única.

- Sem dúvida.

- Assim, quando os desejos de um homem se orientam para as ciências e tudo o que lhes diz respeito, creio que solicitam os prazeres que a alma experimenta em si mesma e menosprezam os do corpo - pelo menos quando se trata de um homem autenticamente filósofo e que não se limita a fingir que o é.

- É preciso que assim seja.

- Um tal homem é moderado e de modo nenhum amigo das riquezas; com efeito, compete a outros atender às razões pelas quais se procura a fortuna, com o seu acompanhamento de vastos consumos.

- Com certeza.

- Temos de considerar também este ponto, se quiseres distinguir o carácter filosófico daquele que não o é.

- Qual?

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pág. 162 (Capítulo 6)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 162

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265