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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 169
Acreditas também, como a turba, que haja alguns jovens corrompidos pelos sofistas e alguns sofistas, simples particulares, que os corrompem, ao ponto de o facto ser digno de menção? Não te parece, pelo contrário, que aqueles que o pretendem são eles mesmos os maiores sofistas e sabem perfeitamente instruir e modelar à sua maneira novos e velhos, homens e mulheres?

- Quando? - inquiriu.

- Quando, sentados em filas apertadas nas assembleias, nos tribunais, nos teatros, nos acampamentos e em toda a parte onde há gente, criticam determinadas acções ou palavras e aprovam outras, em ambos os casos com grande tumulto e de forma exagerada, gritando e aplaudindo ao mesmo tempo que os rochedos" e os sítios em volta fazem eco e redobram fragor da crítica e do elogio. No meio de semelhantes cenas, não sentirá o mancebo, como sói dizer-se, faltar-lhe o ânimo? Que educação particular poderá resistir? Não será submergida por tantas críticas e elogios e arrastada ao sabor da corrente? Não se pronunciará o mancebo como a multidão acerca do belo e do feio? Não se associará às mesmas coisas que ela? Não se tornará semelhante a ela?

- Forçosamente, Sócrates.

- E, no entanto, ainda não falámos da maior prova por que terá de passar.

- Qual?

- A que esses educadores e sofistas infligem, de facto, quando não podem persuadir pelo discurso. Não sabes que castigam aquele que não se deixa convencer cobrindo-o de vergonha, condenando-o a uma multa ou à pena de morte?

- Sei-o muito bem.

- Ora, que outro sofista, que ensino particular oposto a esse poderiam prevalecer?

- Creio que nenhum.

- Não, sem dúvida - concordei. - E tentar semelhante coisa seria até uma grande loucura. Não há, nunca houve, não haverá nunca, carácter formado na virtude contra as lições que dá a multidão: falo de carácter humano, meu caro camarada, dado que, como diz o provérbio, o divino é uma excepção. Com efeito, fica sabendo que, se, em semelhantes governos, há um que seja salvo e se torne o que deve ser, podes dizer sem receio de errar que é a uma protecção divina que o deve.

- Também a minha opinião não é diferente.

- Então também podes estar de acordo comigo nisto.

-Em quê?

- Todos esses mercenários particulares, a que o povo chama sofistas e considera seus rivais, não ensinam máximas diferentes daquelas que o próprio povo professa nas suas assembleias, e é a isso que chamam sabedoria.

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pág. 169 (Capítulo 6)

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 169

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265