Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: Capítulo 6

Página 178

- Pois bem! - perguntei. - Teremos convencido aqueles que apresentavas como dispostos a cair sobre nós de que um tal pintor de constituições é o homem que lhes gabávamos há instantes e que excitava o seu mau humor porque lhe queríamos confiar o governo das cidades? Será que se acalmarão ao ouvir-nos?

- Muito - respondeu -, se forem ponderados.

- Que mais teriam a objectar-nos? Que os filósofos não são amantes do ser e da verdade? - Seria absurdo.

- Que o seu temperamento, tal como o descrevemos, nada tem a ver com o que há de melhor?

-Também não.

- O quê, então? Que esse temperamento, deparando com instituições adequadas, não é mais apropriado que qualquer outro a tornar-se perfeitamente bom e sábio? Ou dirão que o são mais os que afastámos?

- Por certo que não.

- Assustar-se-ão ao ouvirem-nos dizer que os males da cidade e dos cidadãos só terão fim quando os filósofos detiverem o poder e que o governo que imaginámos será realizado de facto?

- Talvez menos - disse.

- Queres que deixemos de lado esse «menos» e os declaremos a todos apaziguados e persuadidos, a fim de que a vergonha, na falta de outro motivo, os obrigue a concordar?

- Sim, quero - disse ele.

- Consideremo-los então - prossegui - convencidos neste ponto. Agora, quem nos contestará que é possível encontrar filhos de reis ou de soberanos nascidos filósofos?

-Ninguém.

- E quem pode dizer que, nascidos com tais disposições, é forçoso que se corrompam? Que lhes seja difícil evitá-lo, nós próprios o admitimos; mas que, com o decorrer dos tempos, nem um só se salve, há alguém que possa sustentá-lo?

- Com certeza que não.

- Ora, basta que um se salve e encontre uma cidade dócil às suas opiniões para realizar todas as coisas que hoje se consideram impossíveis.

- Um só basta, com efeito.

- Na verdade, tendo esse chefe estabelecido as leis e as instituições que descrevemos, não é certamente impossível que os cidadãos aceitem sujeitar-se a elas.

- De maneira nenhuma.

- Mas é espantoso e impossível que o que aprovamos seja também aprovado por outros?

- Não o creio - disse ele.

- E certamente, como demonstrámos suficientemente, creio eu, que o nosso projecto é o melhor, se for realizável. - Suficientemente, com efeito.

- Parece, pois, que somos levados a concluir, no que respeita ao nosso plano de legislação, que, por um lado, é excelente, se puder ser realizado e, por outro, a sua realização é difícil, mas não impossível.

<< Página Anterior

pág. 178 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 178

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265