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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 204

- Assim - respondi. - Devem considerar-se os ornamentos do céu como os mais belos e perfeitos dos objectos da sua natureza, mas, visto que pertencem ao mundo visível, são muito inferiores aos verdadeiros ornamentos, aos movimentos segundo os quais a pura velocidade e a pura lentidão, no número verdadeiro e em todas as figuras verdadeiras, se movem em relação uma com a outra e movem o que está nelas; ora, estas coisas são apreendidas pela inteligência e pelo pensamento discursivo, e não pela vista; ou será que pensas o contrário?

- De modo nenhum.

- É preciso - prossegui - servir-se dos ornamentos do céu como de modelos no estudo dessas coisas invisíveis, como faríamos se encontrássemos desenhos traçados e executados com habilidade incomparável por Dédalo ou por qualquer outro artista ou pintor: ao vê-los, um geómetra consideraria que são obras-primas de acabamento, mas acharia ridículo estudá-los a sério, com o propósito de descobrir neles a verdade sobre as relações das quantidades iguais, duplas ou quaisquer outras.

- Com efeito, seria ridículo.

- E não achas que o verdadeiro astrónomo sentiria o mesmo ao considerar os movimentos dos astros? Pensará que o céu e o que ele encerra foram dispostos pelo seu criador com toda a beleza que se pode pôr em tais obras; mas, quanto às relações do dia com a noite, do dia e da noite com os meses, dos meses com o ano e dos outros astros com o Sol, a Lua e eles próprios, não considerará que é absurdo acreditar que essas relações são sempre as mesmas e nunca variam - uma vez que são corporais e visíveis - e procurar por todos os meios descobrir aí a verdade?

- É a minha opinião - disse ele -, agora, que te compreendi.

- Portanto - continuei -, estudaremos tanto a astronomia como a geometria, com a ajuda de problemas, e deixaremos os fenómenos do céu, se quisermos apreender realmente esta ciência e tornar útil a parte inteligente da nossa alma, de inútil que era antes.

- Não há dúvida - disse ele - de que prescreves aos astrónomos uma tarefa muitas vezes mais difícil do que a que realizam actualmente!

- E penso - acrescentei - que prescreveremos o mesmo método para as outras ciências, se formos bons legisladores: Mas poderás lembrar-me mais alguma outra ciência que convenha ao nosso propósito?

- Não, pelo menos imediatamente.

- Contudo, o movimento não apresenta uma única forma: tem várias, parece-me. Um sábio talvez pudesse enumerá-las todas; mas há duas que conhecemos.

- Quais?

- Além da que acabamos de mencionar, uma outra que lhe corresponde.

- Qual?

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 204

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265