Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: Capítulo 9

Página 254

- Pois bem! Examina o caso do seguinte modo. Quais são as qualidades requeri das para julgar bem? Não são a experiência, a sabedoria e o raciocínio? Existem critérios melhores do que estes?

- Como seria possível?

- Ora repara. Qual destes três homens tem mais experiência de todos os prazeres que acabamos de referir? Achas que o homem interesseiro, se se dedicasse a conhecer o que é a verdade em si mesma, teria mais experiência do prazer da ciência do que o filósofo do prazer do ganho?

- A diferença é grande - respondeu -, porque, enfim, é uma necessidade para o filósofo gozar desde a infância os outros prazeres, ao passo que para o homem interesseiro, se se dedica a conhecer a natureza das essências, não é uma necessidade gozar todo o regalo deste prazer e adquirir a sua experiência; além disso, não lhe seria fácil tomar a coisa a sério.

- Assim, o filósofo sobrepõe-se de longe ao homem interesseiro, pela experiência que tem destas duas espécies de prazeres.

- De longe.

- E que dizer do ambicioso? O filósofo tem menos experiência do prazer ligado às honras do que o ambicioso do prazer que acompanha a sabedoria?

- A honra - respondeu - favorece cada um deles quando atingem o objectivo que se propõem, porque o rico, o valente e o sábio são honrados pela multidão, de modo que todos conhecem, por experiência, a natureza do prazer ligado às honras. Mas ninguém, a não ser o filósofo, pode gozar o prazer que a contemplação do ser proporciona.

- Por conseguinte - retorqui -, relativamente à experiência, dos três, é ele quem julga melhor.

- De longe.

- E é o único em quem a experiência é acompanhada da sabedoria.

- Com certeza.

- Mas o instrumento que é necessário para julgar não pertence ao homem interesseiro, nem ao ambicioso, mas ao filósofo.

- Que instrumento?

- Dissemos que era preciso servir-se do raciocínio para julgar, não dissemos? - Sim.

- Ora, o raciocínio é o principal instrumento do filósofo.

- Sem dúvida.

- Mas, se a riqueza e o ganho fossem a melhor regra para julgar as coisas, os louvores e as censuras do homem interesseiro seriam, necessariamente, os mais conformes à verdade.

- Necessariamente.

- E, se fossem as honras, a vitória e a coragem, seria preciso apelar para as decisões do homem ambicioso e amigo da vitória?

- Evidentemente.

- Mas, visto que é a experiência, a sabedoria e o raciocínio?...

- É necessário - disse ele - que os louvores do filósofo e do amigo da razão sejam os mais verdadeiros.

<< Página Anterior

pág. 254 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 254

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265