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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 263

- E a lei não mostra precisamente esta mesma intenção, ela, que dá o seu apoio a todos os membros da cidade? E não é esse o nosso objectivo no governo das crianças? Não as temos na nossa dependência até termos estabelecido uma constituição na sua alma, como num Estado, até ao momento em que, depois de termos cultivado através do que há de melhor em nós o que há de melhor nelas, pomos este elemento no nosso lugar, para que seja um guarda e um chefe semelhante a nós, após o que as deixamos livres?

- É evidente -. disse ele.

- Em quê então, Gláucon, e sob que aspecto diremos que é vantajoso cometer uma acção injusta, licenciosa ou vergonhosa, contanto que, ao tornar-se pior, se possam adquirir novas riquezas ou qualquer outro poder?

- Sob nenhum aspecto.

- Finalmente, como pretender que é vantajoso para o injusto evitar os olhares e o castigo? O mau que não é descoberto não se torna pior ainda, ao passo que, naquele que é descoberto e castigado, o elemento bestial se acalma e suaviza, o elemento pacífico liberta-se e toda a alma, colocada em condições excelentes, se eleva a um estado cujo valor é superior ao do corpo que adquire a força e a beleza com a saúde de toda a superioridade da alma sobre o corpo!

- Com certeza - disse ele.

- Portanto, o homem sensato não viverá com todas as suas forças voltadas para esse objectivo, honrando primeiramente as ciências capazes de elevar a sua alma até esse estado e desprezando os outros?

- É evidente.

- Em seguida - continuei -, no que respeita ao bom estado e à alimentação do seu corpo, não se entregará ao prazer bestial e irracional e não viverá voltado para este lado; não se importará também com a saúde, nem com o que o pode tornar forte, são e belo, se com isso não se tornar moderado; mas vê-lo-emos sempre regular a harmonia do corpo para manter o acordo perfeito da alma.

- É o que fará - disse ele -, se quiser ser realmente músico.

- Mas não observará a mesma ordem e o mesmo acordo perfeito na aquisição das riquezas? Não será deslumbrado pela opinião da multidão acerca da felicidade e não aumentará a massa dos seus bens até ao infinito, para ter males infinitos?

- Não o creio.

- Mas, lançando os olhos para o governo da sua alma, terá o cuidado de não abalar nada por excesso ou falta de fortuna e, seguindo esta regra, aumentará essa fortuna ou gastará segundo os seus meios.

- Perfeitamente - disse ele.

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Capa do livro A República
Páginas: 290
Página atual: 263

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 45
Capítulo 3 71
Capítulo 4 102
Capítulo 5 129
Capítulo 6 161
Capítulo 7 189
Capítulo 8 216
Capítulo 9 243
Capítulo 10 265