- E, quanto às honras, terá em vista o mesmo objectivo: aceitará, experimentará de boa vontade aquelas que considerar aptas a torná-lo melhor, mas evitará, tanto na vida privada como na vida pública, as que possam destruir nele a ordem estabelecida.
- Mas então - disse ele -, se se preocupar com isso, não consentirá em ocupar-se dos negócios públicos.
- Não, pelo Cão! - respondi. - Ocupar-se-á deles no seu próprio Estado, mas não, talvez, na sua pátria, a não ser que um divino acaso lho permita.
- Compreendo; falas da cidade cujo plano traçámos e que se fundamenta apenas nos nossos discursos, visto que, tanto quanto sei, não existe em parte alguma da terra.
- Mas - respondi - talvez haja um modelo no céu para quem quiser contemplá-lo e, a partir dele, regular o governo da sua alma. Aliás, não importa que essa cidade exista ou tenha de existir um dia: é unicamente às suas leis, e de nenhuma outra, que o sábio conformará a sua conduta.